Folha de S. Paulo


Preso diz ter recebido oferta de dinheiro para acusar candidato do MA

Em depoimento à Polícia Civil, um preso do complexo prisional de Pedrinhas, em São Luís, afirmou que recebeu ofertas de dinheiro e de regalias na cadeia para fazer falsas acusações contra o candidato do PC do B ao governo do Maranhão, Flávio Dino, oposição no Estado.

A entrevista com as acusações contra Dino foi veiculada em emissoras, jornais e blogs ligados à família Sarney. O Maranhão é governado por Roseana Sarney (PMDB), que apoia o também peemedebista Edison Lobão Filho na disputa pelo governo.

Na gravação, feita há mais de uma semana, o preso da CCPJ (Central de Custódia de Presos de Justiça de Pedrinhas) André Escócio de Caldas acusa Dino de ser o mandante de um assalto a um banco no campus da Universidade Estadual do Maranhão.

Nesta terça-feira (23), porém, Caldas afirmou ao delegado Tiago Mattos Pardal que o diretor da CCPJ, Carlos Eduardo Sousa Aguiar, e o diretor administrativo do presídio, Elenilson Araújo, ofereceram uma "boa quantia de dinheiro" em troca da gravação do vídeo.

Os servidores estaduais também ofereceram um alvará de soltura e garantiram que Caldas seria "blindado", de acordo com o depoimento do preso à polícia. O diretor do presídio também prestou depoimento e confirmou a autoria do vídeo, mas negou a divulgação da gravação. Aguiar não falou sobre a suposta oferta de dinheiro e regalias ao preso.

No ofício em que consta o depoimento de Aguiar, o diretor não falou sobre a suposta oferta de dinheiro e regalias ao preso.

Dino lidera as pesquisas no Maranhão, com 48%, segundo levantamento do Ibope da semana passada. Lobão tem 27%.

SUSPEITA DE CRIME ELEITORAL

Em ofício, o delegado diz que o caso é, "em tese", um crime eleitoral e, portanto, agora é competência da Justiça Eleitoral e da Polícia Federal.

No depoimento, o preso diz que, após a exibição do vídeo na TV, foi chamado novamente na sala do diretor do presídio, que pediu, segundo o detento, para que ele continuasse mantendo o que dizia no vídeo.

Caldas contou ter perguntado por que a gravação foi divulgada e o diretor disse que também tinha sido "pego de surpresa".

Após a exibição da entrevista, o preso ficou em sala separada. No depoimento, contou que chegou a ficar preso em um banheiro.

Em nota, a Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária do Estado informou que os servidores permanecerão afastados "até que sejam concluídas as investigações sobre o vídeo do detento André Escócio de Caldas".

A secretaria informou que a Corregedoria do órgão também está investigando o caso.


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