Folha de S. Paulo


Servidores da Cemig recebem carta de Pimenta da Veiga em e-mail funcional

Servidores da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) receberam na tarde desta quarta-feira (24) uma carta assinada pelo candidato do PSDB ao governo do Estado, Pimenta da Veiga, em seus e-mails funcionais. Minas é governada pelos tucanos desde 2003, mas nesta eleição o petista Fernando Pimentel desponta nas pesquisas eleitorais como favorito para assumir o Palácio das Mangabeiras.

O envio da carta foi denunciado pelo Sindieletro, que representa os trabalhadores da empresa e é ligado à CUT (Central Única dos Trabalhadores). O sindicato encaminhou cópia do e-mail enviado a centenas de servidores à Folha. O endereço do remetente é assinado por "jpv@governarpratodos.com.br". O domínio é registrado em nome da campanha de Pimenta da Veiga, mas a assessoria do tucano diz que o e-mail é falso.

O documento anexado à mensagem, no entanto, é reconhecido pela campanha. Segundo a assessoria de Pimenta, a carta foi impressa em papel e entregue aos servidores da Cemig durante uma panfletagem. "Nós entregamos a carta, em papel, aos servidores. Mas não mandamos e-mail. Ressaltamos ainda que, embora o domínio seja da campanha de Pimenta da Veiga, o e-mail registrado como destinatário é forjado", sustentou a equipe do tucano.

Na carta entregue aos servidores da Cemig, Pimenta diz estar se dirigindo "diretamente" aos trabalhadores para falar de seus "planos" para a empresa. O tucano ressalta o legado das gestões do PSDB à frente da estatal e diz que ela só não está melhor por conta de regras estabelecidas para o setor pela presidente Dilma Rousseff (PT). "Garantir o crescimento da Cemig é manter o seu nível de competitividade e os empregos diretos e indiretos gerados pela empresa, no estado. Isso tem sido feito de forma sustentável e com total transparência", diz Pimenta.

No texto, o candidato do PSDB ressalta que o Sindieletro "possui vínculo partidário declarado", o que dirigentes da entidade negam. A CUT apoia o PT, mas o Sindieletro, afirmam, não tem ligação com a sigla. "Não quero iludir ninguém com falsas promessas e falácias. Quero, sim, garantir que a Cemig não será usada, em meu governo, como cabide de empregos para aventureiros e forasteiros. Quero continuar vendo a Cemig como referência nacional e internacional", diz Pimenta na carta.

O candidato não chega a pedir voto diretamente, mas explicita suas propostas de governo e faz ataques ao partido de seu principal adversário. "Pensem e reflitam. Procurem saber o que está ocorrendo com empresas do Governo Federal. Não queremos isso para as empresas de Minas Gerais. Muito menos para a Cemig", diz o texto. Ao fim do documento, há uma foto de Pimenta, do candidato de seu partido ao Senado, Antonio Anastasia, e do candidato dos tucanos ao Planalto, Aécio Neves, acompanhada dos respectivos números eleitorais.

Aécio governou Minas de 2003 a 2011 e, desde então, tem patrocinado a eleição de aliados no Estado. Pimenta foi escolhido por ele para a disputa, mas aparece hoje quase 20 pontos percentuais atrás de Fernando Pimentel nas pesquisas.

Procurada, a Cemig disse que seu banco de dados não foi repassado para nenhuma campanha, mas que está estudando vazamentos. "Essa não é a primeira vez. Há duas semanas os funcionários receberam documento assinado por um candidato a deputado estadual do PT que se apresentava como porta-voz de Pimentel. Estamos apurando o vazamento dos endereços funcionais", afirmou Luiz Henrique Michalick, diretor de Relações Institucionais e Comunicação da empresa.

O Sindieletro classificou o envio do documento como um "assédio descarado" aos trabalhadores e prometeu levar o caso ao Ministério Público Eleitoral do Estado.


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