Folha de S. Paulo


Pecuarista quer se eleger no AC para legalizar propriedade em reserva

"Cadeia, a gente entra e a gente sai. Caixão, não, só tem entrada, não tem saída."

Inconformado com uma multa de R$ 2,5 milhões por devastar 69 hectares dentro da reserva Chico Mendes, o pecuarista Rodrigo Santos ameaçou de morte o fiscal Flúvio Mascarenhas, em conversa telefônica gravada em 29 de dezembro.

A intimidação não se concretizou, e o fazendeiro Rodrigo Santos decidiu se candidatar a deputado estadual. O objetivo: legalizar os 1.064 hectares explorados para a pecuária pela sua família e outras dez grandes propriedades dentro da reserva extrativista Chico Mendes.

"Se o governo quer me expulsar, eu me torno governo pra ver se eles me expulsam", disse à Folha Santos, que concorre pelo PR usando o nome de Rodrigo do Zé Baixin, apelido do pai.

"O Estado foi criado para acriano viver. Não é pra poder fazer reserva pra macaco e índio viverem lá dentro, não", afirmou.

Ele diz que a família está na área desde os anos 1980, mas admite que adquiriu terras após a criação da reserva. "Até 2004, o Ibama não entrava lá dentro, não exigia de ninguém", justificou.

Além da pecuária, a reserva enfrenta ainda a venda irregular de parcelas de floresta para moradores da cidade. É o caso do funcionário do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) José da Rocha Lira. Residente em Brasileira, ele mantém há cerca de cinco anos uma cabana de caça no seringal Fronteira, segundo relataram à reportagem os moradores vizinhos.

Já notificado pelo ICMBio, ele alega que o local não está em seu nome.


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