Folha de S. Paulo


Dilma e Lula fazem de encontro com artistas um ato contra Marina

Acompanhada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente Dilma Rousseff, candidata do PT à reeleição, participou de ato político de apoio de artistas a sua candidatura no Leblon, zona sul do Rio. A tônica do ato foi a sequência de críticas à candidata Marina Silva (PSB).

O encontro com os artistas foi uma reedição de evento semelhante realizado no mesmo local em 2010. Na ocasião, Chico Buarque participou. Desta vez, o compositor e cantor carioca não compareceu.

O evento começou com uma hora e quarenta minutos de atraso. O discurso de Dilma foi precedido por uma longa fala de Lula, que se estendeu por 58 minutos.

Ele começou cobrando do escritor Fernando Moraes a publicação de um livro sobre seus oito anos de governo. Em seguida, ironizou o fato de que cinco dos postulantes à Presidência já foram petistas.

"Daqui a pouco todo mundo do PT estará disputando as eleições".

Ele criticou a imprensa e defendeu a reforma política, alfinetando a candidata do PSB.

"É necessário fazer a reforma política como condição para esse país. Para isso é preciso fazer política, não é negando a política", disse, acrescentando: "É preciso criar partido com base".

E ele voltou a ironizar a afirmação de Marina Silva de que vai governar "com os melhores".

"Não dá pra falar 'vou pegar o mió do mió', que nem jogador de futebol", disse Lula.

A ministra da Cultura, Marta Suplicy, estava presente e enfrentou o constrangimento de ouvir a plateia gritar o nome do ex-ministro Juca Ferreira, também presente, quando Lula se referia ao próximo titular da pasta.

Em seu discurso, Dilma disse que o petróleo do pré-sal vai ajudar a financiar a cultura.

"Educação e Cultura precisam de dinheiro. Hoje o nível de consciência que o Brasil tem do pré-sal é muito baixo", afirmou a presidente.

Ela defendeu a Lei da TV a cabo, que obriga à exibição de conteúdo nacional, e afirmou que cinemas em cidades do interior serão prioridade.

Lula criticou a atuação da mídia, defendeu a criação do Conselho Nacional de Comunicação e um marco regulatório para a mídia.

"Imprensa escrita pode fazer o que bem entender se não depender de dinheiro do governo", disse Lula.

ARTISTAS

Ana Paula Lisboa, coordenadora da Agência de Redes para a Juventude, se emocionou ao falar para a presidente.

"Sou resultado dos 12 anos de governo de Lula e Dilma".

Durante sua manifestação, ela mencionou o candidato do PT ao governo do Rio, Lindbergh Farias, e puxou o coro "Eô, eô, Lindbergh vai ser governador", mas Dilma e Lula ficaram em silêncio, não acompanharam a saudação ao petista, que tem sido preterido por Dilma em favor dos demais candidatos da base de apoio governista.

A filósofa Marilena Chauí aproveitou para fazer uma referência a um vídeo popular na internet, em que diz ter "ódio da classe média".

"Tem sido proclamado muito o que eu odeio, mas tem que exaltar o que eu amo: amo o PT, amo a Dilma".

Ela fez ainda uma crítica direcionada a Marina Silva (PSB), sem citá-la.

"Risco de uma aventura regressiva. Tarefa o esclarecimento do povo brasileiro. Para que essa aventura não venha como um mar revolto, um tsunami, destruir anos e anos de construção econômica, social, política e cultural".

O cantor e compositor Chico César, outro a discursar, ironizou Marina ao afirmar que "sonhar não quer dizer não ter juízo" e foi sucedido por Beth Carvalho, que repetiu o gesto de quatro anos atrás ao cantar "Deixa a Dilma me levar", numa versão da canção de Zeca Pagodinho.

O teólogo Leonardo Boff disse que há momentos em que os intelectuais não podem se abster da política.

"Não houve alternância de poder, houve uma alternância de classes sociais". Ele defendeu projetos do governo na ciência e no ensino superior e os méritos do Planalto na condução da política econômica em meio a um cenário de crise econômica.

Em um momento cômico, o teólogo referiu-se a Dilma como "presidenta Lula", expondo um sentimento de simbiose entre a presidente e o antecessor.


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