Folha de S. Paulo


Análise: Reprovação a Marina atinge índice mais alto até hoje

Pela intensidade dos ataques das campanhas, há quem se surpreenda com a estabilidade do quadro revelado hoje pelo Datafolha. As variações estão dentro da margem de erro do estudo.

Se a pesquisa mede o início de tendência de queda de Marina e de crescimento de seus adversários nas intenções de voto para o primeiro turno, apenas o próximo levantamento com um terceiro ponto na evolução confirmará.

Alguns elementos, porém, podem insinuar arranhões na imagem da ambientalista. A continuidade do crescimento de sua taxa de rejeição –que oscilou de 15% para 18% desde o fim de agosto– é um deles. Marina conhece o índice mais alto de reprovação até agora, semelhante ao que obtinha no final do primeiro turno de 2010, quando não sofreu questionamentos comparáveis aos atuais.

Outro dado que nesta etapa da disputa serve mais para ilustrar o potencial das candidaturas do que propriamente embasar prognósticos é o de segundo turno.

Apesar de também apresentar variações dentro da margem de erro em relação à semana passada, a vantagem de Marina para Dilma caiu de 10 para 4 pontos em 12 dias.

O tom dos ataques a Marina parece atingir, nesse primeiro round, segmentos do eleitorado com renda superior a 5 salários mínimos.

Também é curiosa a retomada de apoio a Dilma na região Norte, origem de Marina, e, por outro lado, o melhor desempenho da ambientalista no Centro-Oeste.

Com os resultados do estudo do Datafolha que combina variáveis para medir o grau de afinidade do eleitor com os candidatos, é possível chegar ao piso e teto de cada um neste momento.

Os intervalos projetam a volatilidade das candidaturas para um espaço curto de tempo. Dilma tem hoje piso de 32% de intenções de voto e teto de 39%. Em relação a Marina, esses índices correspondem a 28% e 37% e para Aécio, eles são de 12% e 19%.

Mudanças significativas nas curvas de total das intenções de voto daqui para frente dependem, porém, do quanto a campanha de desconstrução da ex-ministra alcançará setores de peso relevante na composição do eleitorado, como moradores do Sudeste e os de menor renda e escolaridade média.

Se nos próximos dias seus adversários não conseguirem o feito, melhor do que se preocupar em responder aos ataques, Marina deveria se dedicar no programa a comunicar seu número. Apenas 25% dos que pretendem elegê-la sabem dizer os algarismos que devem digitar na urna.

Editoria de Arte/Folhapress

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