Folha de S. Paulo


Eu não tenho banqueiro me apoiando e sustentando, diz Dilma sobre Marina

Candidata à reeleição, a presidente Dilma Rousseff fez uma dura provocação nesta terça-feira (9) a sua adversária Marina Silva (PSB), ao disparar que não é apoiada nem sustentada por banqueiros.

A fala de Dilma foi uma resposta a declaração de Marina, que acusou a petista de promover em seu governo a "bolsa banqueiro". A pessebista reagiu aos ataques da campanha de Dilma Rousseff na televisão que começou a afirmar que a ex-ministra dará mais poder aos bancos, caso seja eleita.

A propaganda de Dilma diz que a proposta de autonomia do Banco Central, incluída no programa de governo do PSB, pressupõe que os bancos assumam "um poder que é do presidente e do Congresso, eleitos pelo povo".

"Não adianta querer falar que eu fiz bolsa banqueiro. Eu não tenho banqueiro me apoiando. Eu não tenho banqueiro, você entende, me sustentando", disse Dilma.

A presidente fez uma referência indireta a uma das coordenadoras do programa de Marina, Maria Alice Setubal, uma das principais interlocutoras da presidenciável.

A Folha mostrou que a herdeira do banco Itaú, Neca, como é conhecida, doou cerca de R$ 1 milhão em 2013 ao instituto que Marina fundou para desenvolver projetos de sustentabilidade.

Dilma não respondeu se há interferência de seu governo no Banco Central. Ela defendeu o texto de sua propaganda contra Marina.

"O Banco Central, como qualquer outra instituição não é eleito por tecnocrata nem por banqueiros. O Banco Central é indicado sua diretoria por quem tem voto direto. E o que o Congresso faz com o Banco Central? Chama e manda prestar contas", afirmou.

E completou: "eu não digo isso porque sonhei com isso, está escrito no programa: autonomia do Banco Central e todo mundo sabe que o que é autonomia do Banco Central. Todo mundo sabe".

A presidente afirmou ainda que, com a autonomia, o Banco Central vai "definir a taxa de juros, as condições de política de crédito, autonomamente sem prestar constas ao Executivo e nem sequer ao Legislativo".

Após a divulgação da propaganda petista, em Minas Gerais, Marina contra-atacou e disse que foi Dilma quem beneficiou bancos em sua gestão.

"Ela [Dilma] disse que ia ganhar para baixar os juros. Nunca os banqueiros ganharam tanto como no seu governo. E agora, eles que fizeram o 'bolsa empresário', o 'bolsa banqueiro', a 'bolsa juros altos', estão querendo nos acusar de forma injusta em seus programas eleitorais", afirmou, repetindo uma expressão ("bolsa banqueiro") que era usada pelo candidato do PSOL à Presidência em 2010, Plínio de Arruda Sampaio (1930-2014).

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A seguir, a íntegra do roteiro do comercial de Dilma sobre Banco Central:

Veja vídeo

(cenário:) homens de terno e gravata discutem em torno de uma mesa, evocando um ambiente do mercado financeiro

Locutor: "Marina tem dito que, se eleita, vai fazer a autonomia do Banco Central. Parece algo distante da vida da gente, né? Parece, mas não é"

(música incidental de tom grave, quase fúnebre)

(corte para uma cena de uma família em torno de uma mesa, fazendo uma refeição)

Locutor: "Isso significaria entregar aos banqueiros um grande poder de decisão sobre sua vida e de sua família

(neste momento, uma das pessoas da família, possivelmente o pai, recebe o prato de comida, mas o alimento desaparece)

Locutor: "Os juros que você paga Seu emprego, preços e até salário"

(câmera foca os outros integrantes da família, que começaram felizes e sorridentes, mas agora mudam seus semblantes, que ficam carregados e tristes)

(tela faz corte abrupto para a cena inicial, dos banqueiros, agora todos muito mais sorridentes)

Locutor: "Ou seja, os bancos assumem um poder que é do presidente e do Congresso, eleitos pelo povo. Você quer dar a eles esse poder?"

(câmera volta para a família que estava comendo, agora sem nada mais à mesa, e todos com aparência desolada)

Com informações são do Blog do jornalista Fernando Rodrigues, no UOL, empresa do Grupo Folha


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