A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, reagiu neste domingo (7) às críticas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que não teria lido seu programa de governo ou não teria aprendido com os debates dos quais participou em seu governo.
Marina disse que a fala de Lula é "pouco criativa" e repetitiva, já que recicla ataques feitos a ele quando o petista tentava viabilizar sua chegada ao Palácio do Planalto.
"Eu até esperava um pouco mais de criatividade do [ex-] presidente Lula no debate politico. Eu espero que pelo menos com ele seja o debate. Ele, infelizmente, se de fato disse aquilo que está nos jornais, está recorrendo a um acervo de desqualificações e preconceitos que eram feitos antes com ele", afirmou Marina.
"Eu escutei muita gente dizendo isso do ex-presidente Lula, de que talvez por ser um operário, uma pessoa simples, eu escutava muita gente dizer: 'isso foi o Mercadante [Aloizio, ministro da Casa Civil] que fez, o Lula nem leu isso'. E nós íamos para a linha de frente sabendo que ele era capaz e inteligente", completou a presidenciável, durante agenda em São Paulo.
Marina disse que o ataque pode ser por sua origem humilde.
"Nesse momento estão usando os mesmo preconceitos contra mim. Talvez pelo fato de ser de origem [humilde], filha de seringueiros, negra, tendo sido analfabeta até os 16 anos e uma pessoa com trajetória de vida que permite àquele que usam do preconceito como ferramenta política para fazer a desqualificação", afirmou.
A presidenciável disse ainda que "lamentava" a posição de Lula.
"É o mesmo acervo, mesmo repertório contra ele que eu, durante a minha vida inteira [nas eleições que participou], eu ia para linha de frente contra esse tipo de preconceito e discriminação. Espero que não tenha dito da forma como esta dito, porque é pouco criativo, até repetitivo."
Ex-militante histórica do PT, Marina deixou o partido em 2009. Ela foi ministra do Meio Ambiente durante cinco anos do governo do ex-presidente Lula.
'PAPAGAIADA'
Na sexta-feira (5), o ex-presidente assumiu o embate direto com Marina, que virou a principal adversária da presidente Dilma Rousseff na briga pelo Planalto.
Após uma série de alfinetadas públicas, Lula citou nominalmente Marina e disse que ainda está destrinchando o programa de governo da "companheira".
Agora, a nova estratégia petista é ligar Marina às privatizações, que sempre marcaram embate do PT com o PSDB em disputas eleitorais, e a um projeto "antipopular".
Para uma plateia de militantes, o ex-presidente atacou as propostas econômicas da candidata do PSB, em especial a autonomia do Banco Central, que ele classificou de "papagaiada".
Ele afirmou ainda que a ideia da adversária de deixar o pré-sal em segundo plano foi um recuo da parte dela para fazer um aceno ao agronegócio, que sempre demonstrou resistência a seu nome.
"Estou destrinchando o programa da Marina porque eu não vou ter divergência pessoal com a Marina. Agora, governar esse país, não é um clube de amigos. É saber com que a pessoa está, para quem a pessoa vai governar", afirmou o petista.
"Sinceramente, não sei se a companheira Marina leu o programa que fizeram para ela. Se ela leu, não aprendeu nada nas discussões que fizemos quando ela estava no governo", completou.