Folha de S. Paulo


Marina defende Eduardo Campos de denúncias de ex-diretor da Petrobras

A candidata à Presidência do PSB, Marina Silva, defendeu neste sábado (6) a gestão do ex-governador Eduardo Campos (PSB-PE) das denúncias de envolvimento em um suposto esquema de corrupção na Petrobras.

Segundo reportagem da revista "Veja", o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa incluiu Campos, morto em acidente aéreo em 13 de agosto, entre políticos que teriam sido beneficiados por um esquema de pagamento de propinas na empresa.

Há suspeitas de que recursos do suposto esquema tenham tido origem em contratos superfaturados da Petrobras, sobretudo na construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, projeto em que Costa era um dos responsáveis.

Preso desde junho, Costa fechou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, figura jurídica em que o réu oferece informações à Justiça em troca de redução de pena.

Editoria de Arte/Folhapress

Em campanha em Brumado, no sudoeste da Bahia, Marina disse que a existência de um investimento sob investigação em Pernambuco não implica em responsabilidade de Campos, de quem a ex-ministra do Meio Ambiente era vice na chapa à Presidência, tendo assumido após a morte do político.

"O fato de ter um empreendimento feito no Estado [de Pernambuco] não dá o direito a quem quer que seja [de incluir Campos] na lista dos que cometeram qualquer irregularidade", afirmou a candidata, que divide a liderança das pesquisas eleitorais com a presidente Dilma Rousseff.

A ex-senadora criticou a gestão da Petrobras no governo do PT.

"Nesse momento, o Brasil e todos nós aguardamos as investigações que estão sendo feitas. Os desmandos da Petrobras estão ameaçando o futuro da [da empresa]. O atual governo tem que explicar a má governança que tem levando a empresa a uma quase uma total falência", disse.

Defendendo mudanças na empresa, Marina afirmou que "o Brasil sabe que as coisas como estão não podem continuar".

"Queremos que o povo dê oportunidade de ter uma governança técnica [na Petrobras], baseada na competência, e não na influência política desse ou daquele partido", afirmou a candidata do PSB.

O deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS), vice na chapa de Marina, também saiu em defesa de Eduardo Campos.

"As bases do Planalto começam a tremer porque ele [Costa] está na Petrobras há mais de 12 anos. Se ele roubou, se ele ajudou os políticos a roubarem, o governo que está aí também é responsável, e haverá de ser punido nas urnas pelo voto", afirmou.

Mais cedo, o PSB informou que não iria se pronunciar oficialmente sobre as denúncias. A avaliação é de que Paulo Roberto Costa "apenas cita o nome de Eduardo Campos" e, dessa forma, dizem dirigentes do partido, era preciso esperar que fossem apresentadas provas contra o ex-governador de Pernambuco. O comando do PSB, porém, já se mobiliza para fazer o levantamento da documentação da refinaria Abreu e Lima. A obra era responsabilidade de Costa e o TCU (Tribunal de Contas da União) apontou indícios de superfaturamento em sua execução.

ATRASO

Marina chegou a Brumado com uma hora e meia de atraso, por volta das 10h (horário de Brasília) deste sábado, e acabou frustrando moradores e correligionários que haviam organizado uma caminhada com a candidata pelo centro da cidade.

A presidenciável permaneceu dentro de um carro durante o percurso, cumprimentando quem conseguia driblar seguranças.

A ex-ministra do Meio Ambiente estava acompanhada pela candidata do PSB ao governo da Bahia, Lídice da Mata e pela candidata ao Senado Eliana Calmon (PSB).

Em discurso numa praça, ela firmou compromisso de revitalizar rios, matas e nascentes, e de dar maior assistência técnica a agricultores que convivem com a seca na região -Brumado está situada em área de caatinga.

Após o comício, que reuniu cerca de 6.000 pessoas, segundo a Polícia Militar, a candidata do PSB seguiu para Vitória da Conquista, comandada pelo PT há cinco gestões, para participar de outro comício.


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