Folha de S. Paulo


PT assume tática de ataque e chama propostas de Marina de ortodoxas

O comando do PT formalizou nesta sexta-feira (5) a estratégia dos ataques feitos pela campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff à sua adversária Marina Silva (PSB), que se tornou a principal adversária da petista na disputa pelo Palácio do Planalto.

O PT tenta colar em Marina, ex-ministra do Meio Ambiente de Lula, o rótulo do retrocesso. Após reunião do Diretório Nacional do partido, o presidente do PT, Rui Falcão, disse que Marina representa um projeto "antipopular, antinacional, ortodoxo do ponto de vista econômico, conservador do ponto de vista dos diretos humanos, regressivo na reforma política e que prejudica o trabalhador".

Segundo Falcão, Dilma é que representa a nova política. Os novos ataques à Marina também foram repetidos em um documento divulgado pela cúpula do PT.

O texto fala que Marina tem "propostas radicais", similares a do tucano Aécio Neves e que os dois oposicionistas "vestem a fantasia da mudança" e de "suposta nova política" mas que estão a serviço dos grupos que os apoiam, não da maioria da população.

O PT chama a militância a combater com veemência propostas de Marina como autonomia do Banco Central, redução do papel dos bancos públicos, a mudança na política externa e a revisão das regras do Pré-sal. O presidente do PT disse que, se depender da linha de Marina, a Petrobras pode quebrar e faz com que o país tenha mais dependência externa.

Por mais de quatro horas, os petistas avaliam o novo cenário eleitoral que aponta o empate técnico entre as duas candidatas. O comando do partido avalia que os ataques à Marina devem ser políticos e não pessoais.

Com o avanço de Marina, o PT tem apostado na "estratégia do medo" para desgastar a imagem da adversária ao vincular a ela o risco de um governo instável e defensor de propostas que trariam retrocesso econômico e social. A propaganda do PT chegou a compará-la com Jânio Quadros e Fernando Collor de Mello, presidentes que não concluíram o mandato.

Falcão disse que a polêmica sobre a comparação com os ex-presidentes é um assunto superado e que as propagandas do partido são bem avaliadas. Ele disse que não houve menção direta a Collor, que é aliado do PT.

O partido também decidiu escalar 27 "olheiros" para acompanhar as atividades de campanha de Dilma no Estado para garantir o engajamento da militância.

O presidente do PT disse ainda que Dilma não fez indicação da troca do ministro Guido Mantega (Fazenda) para tentar acalmar o mercado.


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