Folha de S. Paulo


Feliz a democracia que tem candidatos evangélicos, diz Pastor Everaldo

Defensor do Estado mínimo e das privatizações, inclusive da Petrobras, o candidato do Partido Social Cristão à Presidência, Pastor Everaldo, 58, é adepto de frases feitas para definir suas propostas. Gosta de repetir o slogan "Mais Brasil, menos Brasília" e dizer que "cortará pela carne" gastos e corrupção.

Com 1% das intenções de voto na última pesquisa Datafolha, o carioca diz que reduzirá o número de ministérios de 39 para 20 e manterá o Bolsa Família, "mas com programas de capacitação".

Pastor da igreja evangélica Assembleia de Deus do Ministério Madureira, é crítico da união entre pessoas do mesmo sexo, da legalização das drogas e do aborto.

Joel Silva/Folhapress
O candidato a presidência da Republica Pastor Everaldo durante entrevista no auditório Seprosp, no Itaim
O candidato à Presidência, Pastor Everaldo, em entrevista no auditório Seprosp, no Itaim

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Folha - O sr. teme a migração de votos dos evangélicos para Marina Silva, que também é da Assembleia de Deus?
Pastor Everaldo – Tem um salmo de Davi que até a presidente declarou quando foi a uma igreja: "Feliz a nação cujo Deus é o Senhor". Feliz a democracia que tem até dois candidatos evangélicos! Acredito que o cidadão brasileiro, seja evangélico ou não, está olhando para a melhor proposta para o Brasil.

O sr. fala em privatizar a Petrobras. Por quê? Qual a vantagem para o Estado?
A Petrobras hoje é a vergonha nacional. Com a privatização, o dinheiro que ia para o ralo com a corrupção vai sobrar no Tesouro, para que a gente possa investir em saúde, educação e segurança pública. A Vale do Rio Doce é um exemplo de privatização. Mas essa proposta será discutida no Parlamento, sem quebra de contrato. Aqui não é a ditadura, que você chega lá e quebra as coisas acertadas.

O sr. é crítico ao atual governo, mas em 2010 seu partido apoiou Dilma Rousseff e recebeu doação de R$ 4,7 milhões do PT. Acha correto negociar alianças dessa maneira?
Eu apoiei, o partido apoiou [Dilma] baseado em princípios que a presidente não cumpriu, de defesa da vida do ser humano e da família. Essa aliança foi feita em 30 de julho de 2010, e a doação foi feita no final de setembro. Foi despesa de campanha, declarada. Não foi moeda de troca.

A lei deveria manter a permissão para o aborto em casos de estupro e risco à vida da mãe?
A legislação atual é altamente suficiente.

Se o Congresso aprovar a legalização do aborto e o casamento gay, o sr. vetará?
Vetarei. É uma prerrogativa da democracia.

Essa decisão não estará sendo influenciada pela religião?
Será influenciada pela minha consciência e pelo que entendo de sociedade. Nenhuma sociedade sobreviveu até hoje a não ser pelo casamento heterossexual.

Os interesses da nação, representados pelo Congresso nesses casos, não têm que vir em detrimento das suas crenças?
Meus princípios são inegociáveis. O Parlamento tem a prerrogativa de derrubar o veto. A democracia é assim.

Por que o sr. chama a Comissão da Verdade de Comissão da Inverdade? Irá extingui-la?
A Comissão da Verdade tem humilhado os militares. Sou favorável ao respeito. O Estado é para proteger o cidadão. Agora, uma comissão que quer colocar só uma versão [dos fatos] não tem minha aprovação. Se fosse para ser da verdade, eu a manteria.

O sr. propõe a criação de um Ministério da Segurança Pública. Em que a pasta se diferenciará da atual, da Justiça?
O Ministério da Justiça não funciona, é uma vergonha. O da Segurança Pública vai ser uma força-tarefa com todas as forças policiais, as de inteligência. Hoje as polícias não se comunicam.


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