Folha de S. Paulo


Temer diz que 'não vê necessidade' em usar tática do medo contra Marina

Na contramão da ofensiva definida pelo PT, o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), afirmou nesta quinta-feira (4) que "não vê necessidade" em ataques para tentar desconstruir a presidenciável Marina Silva (PSB).

"Eu não vejo necessidade [de ataques]. A desconstrução eventual dela poderá ser feita por outras pessoas, pelas circunstâncias, na política é assim. As circunstâncias vão mostrando o que é melhor para o país. Tenho absoluta convicção de que ficará revelado que a Dilma [Rousseff] pode continuar porque ela tem feito muito pelos brasileiros", afirmou o peemedebista, na chegada para uma palestra na Abimaq (Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos), em São Paulo.

Com o empate técnico entre a presidente Dilma Rousseff e Marina nas pesquisas de intenção de votos, o PT tem apostado na "estratégia do medo" para desgastar a imagem da adversária ao vincular a ela o risco de um governo instável e defensor de propostas que trariam retrocesso econômico e social.

A propaganda do PT chegou a compará-la com Jânio Quadros e Fernando Collor de Mello, presidentes que não concluíram o mandato.

Segundo Temer, a campanha petista deveria ressaltar as "qualidades" de Dilma. Em mais uma alfinetada em Marina por seu discurso em defesa da "nova política", Temer afirmou que a petista defende as instituições.

"Eu acho que é preciso, e não é preciso fazer nenhum esforço para isso, revelar as qualidades da presidente Dilma. Isso está demonstrado no trabalho que ela fez ao longo do tempo e especialmente porque ela tem uma virtude extraordinária, ela trabalha com as instituições, instituições que levamos muito tempo para construir", disse.

E completou: "Nós não podemos jamais desmerecer as instituições desde os partidos políticos, o Legislativo. A Dilma tem essa qualidade. Isso é uma coisa que pode ser revelada e que vai sensibilizar o eleitorado".

De acordo com pesquisa Datafolha finalizada nesta quarta-feira (3), as intenções de voto em Marina Silva (PSB) estacionaram, mas ela continua favorita em simulações de segundo turno.

Se o primeiro turno da eleição presidencial fosse hoje, Dilma teria 35% dos votos contra 34% da ex-ministra do Meio Ambiente, uma situação de empate um técnico.

No levantamento anterior do Datafolha (28 e 29 de agosto), elas já estavam empatadas, cada uma com 34%. Naquela ocasião, porém, Marina vinha de um crescimento de 13 pontos em relação à investigação de 14 e 15 de agosto. Na simulação de segundo turno, Marina vence Dilma por 48% a 41%. É uma vantagem um pouco mais estreita que a apurada na semana passada (50% a 40%).

Para o vice-presidente, o resultado da sondagem foi positiva porque havia indícios de que Marina apareceria na frente de Dilma.

"Havia notícias alarmantes de logo a candidata Marina teria os índices mais elevados, mais elevados do que a Dilma. E na verdade isso não se deu, isso não se verificou. Portanto eu acho que a pesquisa é muito favorável a presidente Dilma, a nossa chapa quando examina outros aspectos relativos a rejeição caíram e a avaliação [do governo] melhorou", apontou.

SÃO PAULO

Temer afirmou ainda que "não há embaraço" entre o candidato do PMDB ao Palácio dos Bandeirantes, Paulo Skaf, e a campanha de reeleição de Dilma. Com receio de ser contaminado pela alta taxa de rejeição de Dilma em São Paulo, Skaf resiste em declarar apoio ou demonstrar aproximação com a presidente. No fim de semana, eles subiram no mesmo palanque, mas o candidato deixou o evento mais cedo e só citou Dilma nos cumprimentos.

Temer minimizou o episódio. "Ele já tinha combinado comigo [de sair mais cedo]. Ele tinha dois compromissos. [...] O gesto dele foi muito adequado. Falam tanto que ele é contra a candidatura, mas ele tem dito e quando ele diz eu voto no Michel Temer, é porque ele vota na Dilma, não é verdade! Então, sem nenhum problema, sem nenhum embaraço", completou.


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