Folha de S. Paulo


Economista tucano diz que vitória da oposição traria 'chuva de dólares'

O economista Mansueto Almeida, especialista em contas públicas que colabora com a campanha do tucano Aécio Neves, afirmou nesta quinta-feira (4) que a vitória de um candidato a presidente da oposição levaria a uma forte entrada de dólares no país.

Para ele, essa entrada é capaz de garantir a manutenção do dólar no patamar atual (em torno de R$ 2,25) sem a necessidade de intervenções diárias no mercado de câmbio.

Mansueto afirmou, entretanto, que, no longo prazo, a queda nos juros deve levar a uma desvalorização do câmbio rumo a uma taxa mais competitiva para a indústria.

"Num próximo governo de oposição, do PSDB, por exemplo, dada a confiança que o mercado vai ter, vai chover dólar aqui nesse país. A taxa de câmbio que hoje não é de equilíbrio, porque o BC tem de agir, pode ser de equilíbrio sem intervenção", afirmou.

O economista disse ainda que a política cambial no governo tucano será de intervenções pontuais em momentos de volatilidade no mercado e não de leilões diários, como vem sendo feito desde agosto do ano passado.

Disse também que os ajustes na economia, em termos de controle da inflação e melhora das contas públicas, também serão menores em um governo de oposição, que terá mais credibilidade que a atual administração.

"Hoje as pessoas não confiam no governo, e não estou falando só de mercado financeiro. Se a oposição ganhar, o custo do ajuste vai ser pequeno", afirmou.

As afirmações foram feitas durante evento da ANABB (Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil).

O economista Alexandre Rands, um dos responsáveis pelo programa de governo da candidata Marina da Silva (PSB), que também participou do evento, disse que uma vitória da ex-senadora também tende a aumentar a entrada de dólares. Por isso, a taxa de câmbio de equilíbrio do Brasil, que estaria hoje entre R$ 2,7 e R$ 3,0, segundo ele, não deve necessariamente ser atingida nos próximos anos.

Rands também defendeu intervenções pontuais no câmbio e o uso do IOF para controlar a entrada de capital estrangeiro, nesse último caso, como foi feito nos últimos 15 anos.

BANCOS PÚBLICOS

Questionado sobre o papel dos bancos públicos em um eventual governo tucano, Mansueto afirmou que é positivo ter instituições como o Banco do Brasil, que fazem políticas públicas e ajudam no funcionamento do mercado financeiro de forma transparente, por ter capital aberto e divulgar suas demonstrações contábeis.

Afirmou ainda que o mesmo não ocorre com outros bancos públicos, como o BNDES. Mansueto afirmou já ter sugerido, em encontro com empresários, que se criasse um imposto específico como fonte de recursos para esta instituição. A proposta, no entanto, foi rejeitada pelo setor produtivo.

Hoje, o BNDES recebe dinheiro do governo, também com origem na arrecadação, mas de em valores que independem do nível de receitas.

Mansueto disse ainda que a população já escolheu o modelo econômico que quer seguir, de gastos públicos elevados na área social. Para isso, no entanto, o país precisa voltar a crescer para gerar receitas. Caso contrário, o resultado será o aumento de impostos, algo que os tucanos, por exemplo, descartam.

"O eleitor quer um sistema de saúde como o da Inglaterra e a qualidade da educação da Finlândia. Para alcançar isso, a gente tem de crescer. Sem crescimento, você não vai ter como gastar mais com o social", afirmou.


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