Folha de S. Paulo


Aécio lembra passado petista de Marina e diz que ela se 'calou' diante do mensalão

O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, procurou nesta quinta-feira (4) associar Marina Silva ao PT e aderiu às metáforas de futebol para criticar a adversária do PSB na corrida eleitoral.

Segundo o tucano, que participou de encontro com aliados em Belo Horizonte, o país não pode ser comandado por times da "segunda ou terceira divisão", em razão do cenário de dificuldades na economia.

"O Brasil não está preparado para novas aventuras. O quadro que vamos enfrentar no ano que vem é um quadro de absoluta complexidade, de dificuldades. E não dá para julgarmos com times da segunda ou terceira divisão se temos uma seleção brasileira à disposição desse projeto. Essa seleção sai exatamente daqui do PSDB", afirmou Aécio.

O tucano também buscou enfatizar o passado petista de Marina, que foi militante histórica do PT e deixou o partido em agosto de 2009, um ano e três meses após sair do Ministério do Meio Ambiente do governo Lula.

"A verdade é que começam a aparecer algumas semelhanças entre a candidatura oficial e a candidatura oriunda do PT que se apresenta agora no campo oposicionista. Eu a respeito, como respeito a própria candidatura oficial. Mas é a nossa que levará o Brasil a um porto seguro", afirmou o senador tucano, que vem caindo nas pesquisas após a entrada de Marina como candidata presidencial em substituição a Eduardo Campos, morto em acidente aéreo em 13 de agosto.

Aécio voltou a atacar Marina citando também o seu "silêncio obsequioso" em relação ao mensalão. Em pronunciamento em São Paulo na terça-feira (2), ele já havia dito que a ex-senadora "se calou no momento das denúncias do mensalão e permaneceu no governo".

Dessa vez, ele colocou Marina e Dilma no mesmo barco petista e, referindo-se à candidata do PSB, disse ainda não acreditar "em conversões de última hora".

"O que eu prego hoje, é aquilo que pratiquei em 30 anos de vida pública. [...] As nossas principais adversárias não estavam desse lado, estavam contra o Plano Real, estavam contra a Lei de Responsabilidade Fiscal e nos brindaram com o obsequioso silêncio do momento em que as mais graves denúncias surgiram sobre os malfeitos do governo federal", disse o tucano.

'HORA DA VERDADE'

No esforço de tentar reverter o atual cenário eleitoral e retomar o segundo lugar na corrida presidencial, Aécio seguiu a linha adotada pela presidente Dilma Rousseff (PT) nos ataques a Marina e afirmou que este é o momento da "verdade".

"Eu respeito as boas intenções da candidata Marina, mas o conjunto das suas propostas é inexequível. Basta fazer as contas. Apenas no próximo ano teria R$ 150 bilhões a mais de gastos. Como fazer isso? Como fazer o Brasil crescer? Com que quadros, com que propostas? Agora é a hora da verdade, e os brasileiros vão começar a perceber de forma clara o que significa cada uma das candidaturas."

A declaração de Aécio ocorreu em Belo Horizonte, onde a candidata do PT esteve nesta quarta-feira (3) e também falou em "hora da verdade".

"Quando você dirige um país, você tem de ter responsabilidade com o dia seguinte. Não basta dizer, porque você sabe que papel aceita tudo. [É] A hora da verdade. Por isso eu disse que não é uma questão de medo, mas de verdade, é a hora que você tem de mostrar o que você vai fazer, como vai fazer e com que dinheiro você vai fazer", afirmou Dilma na ocasião.

Invocando essa "verdade", contudo, Aécio colocou Dilma e Marina em barcos parecidos, ao lembrar que a candidata do PSB já militou no PT.

Aécio disse que Marina, rival do "campo oposicionista", promete um "conjunto de bondades" sem dizer como e com quem viabilizá-las. E completou: "Boas intenções, todos nós temos".

Segundo o Datafolha, o tucano tem 14% das intenções de voto, contra 35% de Dilma e 34% de Marina. No quadro que ainda tinha Eduardo Campos, Aécio era o segundo colocado, posto que perdeu logo que Marina entrou na disputa.


Endereço da página:

Links no texto: