Folha de S. Paulo


Dilma fala em mudanças para 2º mandato

Diante do novo cenário eleitoral, em que Marina Silva (PSB) encarna o discurso da mudança e ameaça a reeleição da presidente Dilma Rousseff, a petista sinalizou pela primeira vez na campanha que mudará sua equipe e as políticas de governo num eventual segundo mandato.

A sinalização de Dilma, que vinha sendo cobrada pelo ex-presidente Lula, ocorreu durante discurso nesta quarta-feira (3), em Belo Horizonte, logo depois de admitir problemas na política industrial e no ritmo de crescimento da economia.

"Declarei [anteriormente] que considerava tão importante a política industrial e a política de desenvolvimento em geral que faria um Conselho de Desenvolvimento ligado diretamente à Presidência da República, e reitero hoje esse meu compromisso. Obviamente, novo governo, novas..., necessariamente, atualização das políticas e das equipes", afirmou diante de representantes da indústria na abertura da Olimpíada do Conhecimento.

Dilma vinha resistindo a falar em ajustes em sua equipe e na política econômica, apesar das recomendações de Lula e de assessores neste sentido para reconquistar o apoio do empresariado e atender o desejo de mudança da maioria do eleitorado manifestado em pesquisas.

A orientação de Lula a Dilma foi reforçada na última segunda-feira (1), durante reunião em São Paulo. Segundo relatos obtidos pela Folha, a presidente não reagiu na hora, mas absorveu o conselho ao encaixá-lo dois dias depois em seu discurso em Minas.

Em sua fala a empresários, disse compreender que eles questionassem a eficácia da política industrial numa conjuntura em que "a incerteza do cenário internacional se mistura com o debate eleitoral", acrescentando que ela também "gostaria que o Brasil estivesse crescendo num ritmo muito mais acelerado".

Em tom de campanha eleitoral, Dilma admitiu ainda que há muito o que fazer. "Eu não quero, aqui, dar a impressão que eu acho que tudo foi feito. Eu não acredito nisso, acho, inclusive, que vivemos uma situação bastante complexa na indústria."

A sinalização de mudança feita pela presidente foi considerada um avanço por sua equipe, um "primeiro passo", mas assessores avaliam que ela tem de ser mais direta e incisiva para convencer empresários e eleitores de que um segundo mandato será diferente do primeiro.

A cúpula da campanha acredita que este novo discurso estará mais forte até o segundo turno, numa estratégia para tentar reduzir eventual transferência de votos do tucano Aécio Neves para Marina, que hoje aparece na frente de Dilma em simulações para reta final do pleito.

Na segunda, Lula disse que, sem uma sinalização rápida, o empresariado iria marinar'', o que já estaria ocorrendo com setores como o do etanol, e que não haveria tempo de reconquistá-los.

Lula defende gestos a investidores pró-Aécio, principalmente do agronegócio e mineração, áreas com fortes resistências à ambientalista e que estão órfãos'' na avaliação de assessores petistas.


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