Folha de S. Paulo


Roberto Setubal diz que vê eleição de Marina 'com naturalidade'

O presidente do Itaú, Roberto Setubal, disse na noite desta quarta-feira (3), no discurso que celebra os 90 anos do Itaú Unibanco, que vê "com naturalidade" a eleição de Marina Silva à Presidência do Brasil.

Neca Setubal, irmã de Roberto, é coordenadora de programa de Marina Silva e uma das amigas mais próximas da candidata. É cotada para assumir uma vaga no eventual governo de Marina.

Setubal elogiou os avanços sociais do país e disse que os números de Marina nas pesquisas eleitorais, até agora, demonstram o desejo de mudança que poderá se consolidar com a eleição da candidata do PSB nesse momento de transição. Ele disse também que conquistas sociais devem ser mantidas. Usou a palavra "mediocridade" e, depois, explicou que se referia a uma "gestão pública melhor".

A sua fala foi feita diante de uma plateia de empresários contrária, em boa parte, à reeleição da petista Dilma Rousseff, conforme a Folha pôde constatar. Ainda assim, causou perplexidade em alguns dos convidados.

No intervalo, cercado por jornalistas, Setubal comentou o próprio discurso. "Eu vejo o momento atual como uma mudança de ciclo. O Brasil passou por dois ciclos muito importantes. Com o governo Fernando Henrique, onde a gente conquistou a estabilidade econômica, e o segundo ciclo, onde tivemos conquistas sociais."

Seguiu Setubal: "A população está buscando novas alternativas além das conquistas já obtidas e consolidadas que nós temos. Nós queremos agora uma gestão melhor, com serviços de melhor qualidade."

A Folha perguntou se, ao usar a palavra mediocridade, ele não se referia à situação econômica. "Estou me referindo à melhoria da gestão pública. Nós temos hoje gestão de boa qualidade, mas a população quer uma gestão de melhor qualidade."

A Folha perguntou em quem ele vai votar para Presidente da República. "Eu não declaro voto. O voto é uma questão pessoal."

Setubal afirmou ainda que "no ano passado, nós tivemos manifestações públicas que indicaram o desejo de mudança e, hoje, as pesquisas do Datafolha indicam que mais de 70% querem mudança. Estamos entrando em um novo ciclo."

Ele disse que citou o nome de Marina em seu discurso porque ela "está na frente [das pesquisas]".Sobre a participação de sua irmã, Neca Setubal, na campanha de Marina, ele respondeu: "Não tem nada a ver uma coisa com a outra. O banco é uma coisa, a Marina é outra coisa e a minha irmã é outra coisa. Não tem nada a ver. Não tem nenhuma mistura aí."


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