Folha de S. Paulo


Adeptos da causa LGBT rompem com Marina Silva

O recuo da campanha de Marina Silva (PSB) em propostas à comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transgêneros e transexuais) provocou críticas internas e baixa na militância aliada à candidata ao Planalto.

Um dos responsáveis pela elaboração da pauta, Luciano Freitas, secretário nacional do comitê LGBT pessebista, afirmou à Folha que retirou apoio à presidenciável.

Para aliados da Rede –partido idealizado por Marina e ainda não registrado na Justiça Eleitoral– a mudança é considerada um "retrocesso".

Marlene Bergamo/Folhapress
Neca Setubal, herdeira do banco Itaú, e coordenadora da campanha de Marina Silva
Neca Setubal, herdeira do banco Itaú, e coordenadora da campanha de Marina Silva

A coligação apresentou na sexta (29) um programa que defendia a aprovação do casamento civil homoafetivo e a articulação para aprovar lei que criminaliza a homofobia.

No dia seguinte, voltou atrás e apresentou uma nova versão, eliminando tópicos polêmicos e dizendo que prometia "garantir os direitos oriundos da união civil entre pessoas do mesmo sexo" –o que já é assegurado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

O primeiro programa foi classificado de "falha processual na editoração", que "não retrata com fidelidade os resultados do processo de discussão sobre o tema".

Marina disse que os tópicos que foram divulgados ao público equivocadamente é o da pauta de setores, não o assimilado pela candidatura.

Freitas disse que a partir de agora se concentrará em pedir votos para o candidato ao governo pernambucano Paulo Câmara e deputadas da legenda "defensoras dos direitos humanos".

Ele e a advogada Giowana Cambrone, delegada nacional da Rede, entregaram na semana passada "duas páginas" de pautas aos coordenadores de campanha de Marina, Maurício Rands e Neca Setubal. Segundo membros da Rede, ambos estavam cientes das discussões. Além do PSB e Rede, o grupo era formado pelo PPS Diversidade.

"Fomos surpreendidos por uma alteração chamada de errata' pela coordenação. Nos sentimos frustrados e, obviamente, a reação foi de desagrado", disse Marcio Sales, da Rede. Ele classificou a mudança de "curto-circuito" entre a militância e "determinados setores" da coligação.

Antes, em seu perfil do Facebook, ele publicou que "foi um triste, covarde e vexatório retrocesso programático" que "pegou a todos de surpresa numa decisão autoritária".

Procurado, Rands preferiu não dar declarações. O PSB não respondeu ao pedido de entrevista com Neca. A Rede e o PPS Diversidade publicaram nota dizendo que o "texto publicado no dia 30" representa o consenso das propostas "aprovado pela coordenação política da campanha".


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