Folha de S. Paulo


Ministro ataca gestão de Marina e se diz 'preocupado' com queda de Aécio

O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) criticou nesta segunda-feira (1º) a atuação de Marina Silva (PSB), candidata à Presidência, como gestora quando esteve a frente do Ministério do Meio Ambiente. Ele afirmou que ela tem "dificuldade" de tomar e implementar decisões.

O ataque à candidata do PSB, empatada com a presidente Dilma Rousseff (PT) na última pesquisa Datafolha, veio combinado com a declaração de "preocupação" com o desempenho do senador Aécio Neves (PSDB), em queda nas pesquisas de intenção de votos.

Os dois movimentos revelam preocupação do governo federal de uma eventual derrota no primeiro turno para a ex-ministra. Carvalho reconhece que "a onda Marina continua crescendo", mas afirmou ter certeza da vitória.

"A campanha está tomando providência para alterar algumas coisas. A onda da Marina vai continuar crescendo ainda. Me preocupa inclusive que o Aécio não caia tanto porque ele representa um polo da política. Mas nós vamos ganhar essa eleição. Me preocupa a queda do Aécio porque acho que empobrece o cenário eleitoral. Quase que antecipa o segundo turno para o primeiro e isso não é bom para a democracia", disse o ministro, após encontro com representantes de movimentos sociais da Baixada Fluminense em Nova Iguaçu (RJ).

Carvalho atacou a atuação de Marina por cinco anos a frente do Ministério do Meio Ambiente. Ele afirmou que ela foi "uma administradora muito ruim".

"Sei bem o alcance e o limite da Marina. A dificuldade de tomar decisão e de implementar as decisões que ela toma. O tempo todo defendi ela, porque sabia da importância e do carisma dela. Mas como administradora, devo ser honesto, foi muito ruim. Ela não é a pessoa indicada para ser presidente nesse momento de crise", afirmou Carvalho. Ele disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve se empenhar mais na campanha na reta final.

Seguindo à crítica de delegação excessiva de tarefas e indecisão, Carvalho se disse "preocupado" com a "importância" dos economistas Eduardo Gianneti e Neca Setúbal no círculo próximo da ex-ministra.

"Sei das deficiências graves, na tomada de decisão e dificuldade de implementar e praticamente delegar para pessoas que passavam a mandar no ministério e não ela."

Nomeada como ministra no primeiro dia do governo Lula (2003-2010), Marina entregou o cargo em 2008 alegando falta de apoio político para executar seus projetos. Ela ficou cinco anos a frente da pasta. Após sair do governo, saiu do PT e filiou-se ao PV para disputar a Presidência em 2010.

O ministro criticou também o programa de governo do PSB. Ele afirmou que as propostas exigirão ou endividamento ou corte de benefícios. "A conta não fecha".

Carvalho, contudo, eximiu Marina de críticas em relação à eventual influência de sua religiosidade na atuação política.

"Marina não é fundamentalista. O problema é de outra natureza."

O ministro participou de plenária.com representantes de ONGs da Baixada Fluminense. Ele afirmou que o governo federal, numa eventual reeleição de Dilma, deve "intensificar a relação com os movimentos sociais".

No encontro, ele não pediu votos. A maioria da plateia era formada por candidatos e militantes do PT.


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