Folha de S. Paulo


Não vão confundir seringueiro com banqueiro, diz ministra no Acre

Em visita a Rio Branco neste fim de semana, a ministra Ideli Salvatti, da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, ironizou a presidenciável Marina Silva (PSB) ao dizer que os eleitores "não vão confundir seringueiro com banqueiro". As críticas foram feitas no Estado natal de Marina e ao lado de ex-aliados da candidata.

A ministra citou o líder sindicalista e seringueiro acriano Chico Mendes (1944-1988), conhecido por sua luta pelos direitos dos nativos das florestas, e a coordenadora do programa de governo do PSB, Maria Alice Setúbal, a Neca, herdeira do Banco Itaú. "Não vão dizer que o Chico Mendes é igual à Neca Setúbal do Banco Itaú, não vão fazer essa confusão", afirmou, sem citar o nome de Marina.

Ideli se referia à comparação feita pela candidata do PSB no primeiro debate entre presidenciáveis na televisão, na última segunda-feira (25). Na ocasião, ao rebater críticas de que estaria aliada à elite, Marina disse que considera errado o conceito usado por seus adversários e que tanto Neca Setúbal como Chico Mendes fazem parte da elite, pelas ideias que representam.

As críticas, feitas durante evento de campanha do governador do Acre e candidato à reeleição, Tião Viana (PT), neste sábado (30), são uma demonstração do tom mais crítico que os ministros do governo Dilma passam a adotar após pesquisa mostrar empate entre Marina e a presidente, que tenta reeleição.

Segundo pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira (29), Dilma e Marina estão empatadas, com 34% das intenções de voto. Aécio Neves, do PSDB, tem 15%.

Ideli também provocou a ex-senadora e ex-ministra acriana, que afirmou que vai governar, caso eleita, com os melhores nomes. "Nessa semana a gente teve que aguentar alguém dizer que vai governar com os melhores. Está ótimo, a gente sempre governa com os melhores, procura sempre governar com os melhores."

Ex-ministra do Meio Ambiente (2003-2008), Marina se desfiliou do PT em 2009, após romper com o governo Lula. No Acre, o PSB, partido ao qual ela se filiou após não conseguir registrar a Rede Sustentabilidade, é aliado do PT há 16 anos, tempo que os petistas governam o Estado.

O atual vice-governador, César Messias, é do PSB, e as principais lideranças petistas locais, como o senador Jorge Viana e seu irmão, o governador Tião Viana, ambos antigos aliados de Marina Silva, evitam criticar a ex-senadora publicamente.


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