Folha de S. Paulo


Campos deu incentivos para empresa que comprou jato usado na campanha

Uma das empresas apresentadas como compradora do jato que caiu com Eduardo Campos (PSB) no último dia 13 recebeu incentivos fiscais e linha de crédito subsidiada do governo de Pernambuco em 2011, quando o candidato à Presidência administrava o Estado.

Campos renovou um decreto que reduzia os impostos para a Bandeirantes Companhia de Pneus importar o produto para carros, caminhões e máquinas agrícolas.

O decreto original, de 2006, foi assinado pelo antecessor de Campos no governo de Pernambuco, José Mendonça Bezerra Filho. Campos assumiu o cargo em 2007.

Questionado pela Folha, o governo de Pernambuco disse que não tinha pronto o cálculo com o total dos incentivos recebidos pela empresa.

Edson Silva - 29.mai.2014/Folhapress
Eduardo Campos desembarca em Franca em maio após viajar no Cessna que caiu no dia 13
Eduardo Campos desembarca em Franca em maio após viajar no Cessna que caiu no dia 13

O governo de Pernambuco disse em nota que o incentivo existe desde 1999, com o objetivo de atrair investimentos para o Estado e gerar empregos. Ainda de acordo com o governo, a Bandeirantes recebeu o incentivo em 2004 e 2006, nos governos de Jarbas Vasconcelos e Mendonça Filho, quando o atual dono da Bandeirantes, Apolo Santana Vieira, não integrava o quadro societário da empresa.

Ele é réu numa ação penal sob acusação de fraude em importação de pneus.

A Bandeirantes afirmou que não iria comentar os incentivos que recebeu. A empresa diz que teve interesse em comprar o jato, mas não concluiu o negócio.

Apolo e outros dois empresários de Pernambuco, João Lyra de Mello Filho e Eduardo Bezerra Leite, foram apresentados pela campanha do PSB como os compradores do jato. Segundo o partido, as despesas com o avião seriam declaradas à Justiça eleitoral.

O jato pertencia ao grupo AF Andrade, que diz ter vendido o direito de uso da aeronave em 15 de maio aos empresários pernambucanos. A aeronave, no entanto, continua em nome do grupo, que passa por recuperação judicial, com dívidas de R$ 341 milhões. Os empresários não passaram a aeronave para os seus nomes porque não teriam conseguido demonstrar para a Cessna, fabricante e dona da aeronave, capacidade financeira para comprar um avião de R$ 18,5 milhões.

Há suspeitas na Polícia Federal, que investiga o acidente, que a aeronave teria sido comprada com recursos de caixa dois de empresários ou do partido, já que uma série de empresas fantasmas fizeram pagamentos para o grupo Andrade.


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