Folha de S. Paulo


Petistas mobilizam governo contra crescimento de Marina Silva

Depois do crescimento de Marina Silva (PSB) nas pesquisas, o comitê de campanha de Dilma Rousseff reuniu na terça-feira (26) à noite a cúpula do segundo escalão do governo federal para montar uma operação de mobilização nos Estados e de defesa da presidente nas redes sociais, ambiente mais simpático à candidata do PSB.

Segundo a Folha apurou, o comando da campanha orientou aos presentes que façam pelo menos um evento político por semana, fora do horário de trabalho, para "defender o projeto político" do governo Dilma Rousseff.

Cerca de cem assessores de ministérios e estatais comandados por PT, PMDB, PP, PR, PSD, PDT, Pros e PC do B atenderam à convocação da campanha –estavam presentes secretários-executivos, secretários nacionais dos ministérios e diretores de estatais.

Foi feita recomendação especial para que auxiliares com cargos de confiança façam reuniões com movimentos sociais e debates nas redes sociais, uma estratégia para atacar Marina Silva em seu "território".

"A ordem é trabalhar pela vitória da Dilma, com os assessores se distribuindo em viagens pelos Estados", afirmou um dos participantes.

Durante a reunião, os assessores foram informados que as despesas nestes eventos serão bancadas pelo PT. Eles receberam ainda a recomendação de não usar carros oficiais nos deslocamentos nem fazer agendas casadas –oficial e de campanha.

Em outra frente para reorganizar a campanha com a subida de Marina nas pesquisas, a presidente chamou nesta quarta-feira (27) uma reunião do conselho político de seu governo, que reúne os presidentes dos partidos que apoiam sua candidatura.

No encontro, agendado para o Palácio da Alvorada, o conselho iria avaliar a melhor estratégia para combater o discurso da nova candidata do PSB, que, nas simulações de segundo turno, já ganha da presidente Dilma.

TERCEIRA VIA

Com chances de vencer a disputa, Marina pretende adotar uma oratória mais firme e assertiva nos próximos 38 dias, até o primeiro turno das eleições presidenciais.

A ideia de se mostrar como uma alternativa à polarização entre PT e PSDB não será abandonada –o discurso virou mantra do PSB. Agora, no entanto, passará a ressaltar sua experiência como senadora (1995-2011) e ministra do Meio Ambiente (2003-2008) e continuará a fazer acenos ao mercado e a setores resistentes à sua candidatura, como é o caso do agronegócio.

Alguns pessebistas comparam a transição que Marina fará agora à do ex-presidente Lula de 2001 para 2002, quando foi eleito pela primeira vez ao Palácio do Planalto.

A articulação política, por sua vez, tornou-se o maior desafio da campanha. A mobilização depende do PSB, do qual Marina é recém filiada e não tem o controle da sigla.

Para resolver o impasse, o candidato a vice de Marina, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), foi escalado para fazer as pontes nos Estados e pedir votos, inclusive em palanques nos quais a candidata se recusa a subir. "Marina Silva não é mais a terceira via, é a primeira", afirmou um dos integrantes da campanha.

Já para a equipe de Aécio Neves,"sangue frio" virou palavra de ordem. Os estrategistas do tucano estabeleceram um prazo para a campanha se recuperar (ele agora aparece em terceiro lugar nas pesquisas): 15 de setembro.

Os tucanos acreditam que a "onda" Marina vai perder força à medida que a ex-senadora for forçada a debater os termos práticos de suas propostas. Aécio passará a aparecer nos programas regionais do PSDB e de aliados.


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