Folha de S. Paulo


Equipe de Marina diz a investidores que fará reformas

Em sua estratégia de buscar apoios no setor privado, a equipe de Marina Silva (PSB) participou nesta terça (26) de reunião com um grupo de investidores brasileiros e estrangeiros e prometeu encaminhamento imediato de três reformas se ela vencer a eleição presidencial: política, tributária e administrativa.

Coordenador-geral da campanha de Marina, Walter Feldman disse à Folha que foi uma reunião focada em aspectos políticos, com os investidores interessados em saber como a candidata do PSB, se eleita, vai garantir a governabilidade e como lidará com sua falta de experiência em cargos executivos.

O evento foi realizado a convite do Itaú BBA, braço de investimentos do banco Itaú, que tem entre seus sócios Maria Alice Setúbal, a Neca, responsável pelo programa de governo da candidata.

O Itaú informou que esse mesmo tipo de encontro foi feito com Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).

Feldman disse aos investidores que a reforma política é uma prioridade de Marina exatamente para garantir "governabilidade".

Em seguida, Feldman citou que as reformas tributária, com simplificação do sistema de impostos, e administrativa, com redução de ministérios e de cargos comissionados, eram parte do programa de Eduardo Campos assumido pela nova candidata.

Acompanhado de Álvaro de Souza, ex-presidente do Citibank, e Bazileu Margarido, um dos tesoureiros da campanha do PSB, o coordenador de Marina reforçou a promessa de dar autonomia ao Banco Central por meio de lei.

Feldman disse que Marina será uma presidente do diálogo, que "foi interditado por causa da disputa ferrenha entre petistas e tucanos". Afirmou que ela montará uma equipe de governo com nomes também de "PT, PSDB, PMDB, PDT e outros".

Em relação à falta de experiência, lembrou que o ex-presidente Lula também não atendia a este requisito.

Depois do encontro, investidores elogiaram a fala e disseram que um presidente do BC de Marina deve ser um operador com sólida formação em macroeconomia.

A reunião foi feita primeiro com 50 investidores nacionais e depois, por telefone, com cerca de 30 estrangeiros.

AGRONEGÓCIO

A equipe de Marina está se aproximando do agronegócio por meio do setor sucroalcooleiro, insatisfeito com Dilma. O etanol ficou menos vantajoso devido ao represamento do preço da gasolina.

A candidata deve se encontrar com cerca de 40 empresários em um jantar, na sexta (29), na casa do empresário Plínio Nastari, que é consultor da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).

O encontro deve ter a presença da presidente da entidade, Elizabeth Farina, e do ex-presidente Marcos Jank. O ex-ministro de Lula e empresário Roberto Rodrigues também deve comparecer.

"Converso bastante sobre o agronegócio com o grupo da Marina desde 2012", diz Junk, hoje executivo da BRF (empresa que reúne marcas como Sadia, Perdigão e Batavo).

O interlocutor da campanha com os produtores é João Paulo Capobianco, que coordena uma ONG sobre sustentabilidade e que participou de reunião da Sociedade Rural Brasileira nesta terça (26).

"Não existe uma posição consolidada do agronegócio em relação a Marina. O que existe é uma insegurança, e vamos esclarecer que isso não tem fundamento", diz.

Aliados de Marina dizem a empresários que, se eleita, ela fará valer o Código Florestal e não pretende criar novas leis. Isso agrada aos pecuaristas. "Os pecuaristas querem virar a página dessa discussão", disse o presidente da SRB (Sociedade Rural Brasileira), Gustavo Diniz Junqueira.


Endereço da página: