Folha de S. Paulo


Aécio questiona 'coerência' de Marina, e Dilma mira críticas ao PSDB

Segunda colocada na pesquisa Ibope divulgada nesta terça-feira (26), com 29% das intenções de voto, Marina Silva (PSB) teve sua coerência questionada pelos adversários Aécio Neves (PSDB) e Levy Fidelix (PRTB), durante o primeiro debate entre presidenciáveis promovido pela Rede Bandeirantes.

O tucano, que apareceu dez pontos atrás da candidata no levantamento, questionou o fato de Marina afirmar que, se eleita, quer o apoio de políticos como José Serra (PSDB), a quem ela se negou a apoiar no segundo turno da eleição presidencial de 2010.

"A senhora tem falado muito sobre a nova política. Disse que não subiria no palanque de vários políticos, entre eles Geraldo Alckmin. Depois, disse que contaria com o apoio de José Serra, a quem recusou-se a apoiar em 2010. A senhora não acha que a nova política não precisa de coerência?", questionou o tucano.

Marina rebateu o adversário e disse que, quando fala em "nova política", se refere ao fim da polarização entre PT e PSDB.

"Me sinto inteiramente coerente. Defender a nova política e combater a velha polarização que há 20 anos constitui um atraso para o nosso país. E quando eu disse que não iria subir em palanques, eu mantive a coerência, porque não queria fortalecer os partidos da polarização", disse a candidata.

Aécio insistiu na pergunta e tentou colar a imagem de Marina à do PT, ao qual a ex-ministra do Meio Ambiente fez parte.

"Confesso que continuo com dificuldade de entender. Para mim, existe a boa política e a má política. Eu continuo defendendo a boa política, defendendo a estabilidade da moeda, que a senhora opôs quando era do PT", afirmou.

A candidata do PSB rebateu novamente Aécio e acusou o PSDB de, "juntamente com o PT", tentar "desunir" o Brasil. Marina, em mais de um momento, aproveitou suas respostas para fazer críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT), que concorre à reeleição.

Mas o assunto foi retomado logo na sequência, quando Levy Fidelix questionou Marina sobre suas alianças com empresários e pessoas ligadas ao setor financeiro, como Maria Alice Setúbal, a Neca, herdeira do banco Itaú e coordenadora de seu programa de governo, e Guilherme Leal, da Natura, que foi vice da candidata em 2010.

"Me resta bombardear a dona Marina. (...).Como a senhora vai governar com tantas contradições?", indagou, fazendo referência ao discurso de Marina por uma economia sustentável.

"Não vejo contradição. Os interesses privados de quem quer que seja, são respondidos por elas mesmas. Agora, eu dialogo com pessoas que dão contribuições efetivas para o Brasil", rebateu.

DILMA X PSDB

Já a presidente Dilma poupou a adversária do PSB - conforme planejado pela coordenação da campanha petista -, e mirou suas críticas às gestões do PSDB na Presidência. A petista foi irônica ao questionar o rival tucano, e aproveitou a pergunta para comparar os governos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"O Brasil tem hoje a menor taxa de desemprego da história. quando o Fernando Henrique Cardoso, do seu partido, entregou o cargo a Lula, o desemprego era o maior. Que medidas impopulares o senhor irá tomar, além da redução do emprego e da redução do salário mínimo?", questionou Dilma.

Aécio respondeu lembrando que, ao assumir a presidência, Dilma elogiou as medidas adotadas pelo governo tucano para estabilizar a economia brasileira.

"Se não fosse as medidas econômicas tucana não teria havido presidente Lula. Foram os programas sociais de FHC que iniciaram o Bolsa Família. A senhora deveria reconhecer os feitos do presidente FHC", defendeu.


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