Folha de S. Paulo


Dilma chama de 'lamentável' caso de moradora que ganhou prótese

A presidente Dilma Rousseff classificou como "lamentável" e disse que foi um "erro" uma moradora do interior da Bahia ter recebido uma prótese dentária um dia antes da gravação do programa eleitoral da candidata petista, como revelado pela Folha na semana passada.

A trabalhadora rural Marinalva Gomes Filha, 46, da comunidade de Batatinha, na zona rural de Paulo Afonso (BA), recebeu a prótese com dois dentes da frente a pedido do governo federal.

Dilma afirmou nesta segunda-feira (25), porém, que a agricultora "tinha que ter recebido antes" o benefício.

João Pedro Pitombo/Folhapress
Dona Nalvinha, 43, que diz ter recebido uma prótese dentária 'do pessoal da Dilma'
Dona Nalvinha, 43, que diz ter recebido uma prótese dentária 'do pessoal da Dilma'

"Ali num município próximo da comunidade do Batatinha tem uma unidade do Brasil Sorridente completa, [...] lá tem o laboratório de prótese. O lamentável é que tenha dado pra ela só um dia antes de minha chegada. Tinha obrigação de quando ela recebesse o Bolsa Família, recebesse também [a prótese], porque essa é a parceria", afirmou a presidente.

E completou: "Eu sou contra que eles tenham feito isso antes de eu chegar. A obrigação tanto do ministério como da prefeitura é ter rastreado todo mundo que precisa. Não tem hoje no Brasil essa história de que é uma benesse a pessoa receber uma dentadura. Benesse coisa nenhuma, é uma obrigação do Estado, é um direito do cidadão".

A presidente afirmou que a busca ativa por beneficiários para o Bolsa Família deve incluir também os outros programas, como o Brasil Sorridente, e depois minimizou o caso, afirmando que "o erro não está em ter dado, o erro é ter dado tão tarde".

'DESBUROCRATIZAR'

Na entrevista, Dilma defendeu ainda "desburocratizar" o Brasil e afirmou que é necessário cumprir prazos.

"Agora temos que fazer de fato uma mudança do Estado, tem que se desburocratizar. Todos os padrões de gasto público têm que ficar explícitos e temos que fazer modificações no sentido de acabar com a falta de prazo", afirmou.

Questionada, ela minimizou os atrasos que têm ocorrido nos pagamentos do Tesouro aos bancos públicos e que ajudam a melhorar as contas do governo.

"Você tem um processo de pagamento que implica em todo um ritual, esse ritual tem que ser cumprido, porque caso contrário ou você paga errado, ou você paga mal. O que eu acho é que nós vivemos em um momento de campanha eleitoral e isso tende a politizar processos técnicos que antes sempre ocorreram e nunca foram politizados", justificou a presidente.

"A informação que eu tenho é que trata-se de processos similares ao que ocorre em outros momentos. Sugiro que a gente trate dessa questão sem as paixões políticas e eleitorais", disse Dilma. Ainda na área econômica, a presidente afirmou não ter expectativa em relação ao próximo resultado do PIB.

Ao falar do assunto, ela repetiu a crítica à candidata Marina Silva (PSB) feita no dia anterior, dizendo que "é intrínseco se preocupar com a gestão" porque não é "rei ou rainha da Inglaterra".

Ainda sobre Marina, Dilma evitou comentar o caso do jatinho de Eduardo Campos, suspeito de ter sido comprado com caixa dois, mas afirmou que é preciso explicações.

"Eu não estou acompanhando isso, porque você vai me desculpar mas não é objeto do meu mais profundo interesse. Agora, acredito que nós que somos candidatos inexoravelmente temos que dar explicação de tudo".


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