Folha de S. Paulo


Declaração de Marina é de quem 'não tem experiência', diz Dilma

A presidente Dilma Rousseff e a ex-ministra Marina Silva começaram a trocar farpas. Neste domingo (24), pela primeira vez, a petista, candidata à reeleição, rebateu críticas feitas pela rival, que busca a Presidência pelo PSB.

No sábado, Marina afirmou que o Brasil não precisa de uma "gerente", crítica frequente ao estilo Dilma. No domingo, a presidente classificou a fala da adversária como uma "temeridade". Atribuiu-a a "quem nunca teve experiência administrativa".

As declarações de Dilma foram dadas em entrevista a jornalistas no Palácio da Alvorada, sua residência oficial.

"Essa história de que não precisa ter um cuidado na execução de suas obras é uma temeridade", disse. "É [coisa de] quem nunca teve experiência administrativa e portanto não sabe que é fundamental, num país com a complexidade como o Brasil, dar conta de tudo", completou.

Dilma exemplificou dizendo que precisa "dar conta de todas as obras" e de programas como Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida, além da relação com o Congresso, conselhos e entidades.

As críticas de Marina haviam sido feitas em seu primeiro ato de campanha como cabeça de chapa após a morte de Eduardo Campos (PSB).

Dilma foi eleita em 2010 apoiada na figura da "gerentona", criada por seu marketing político. Neste ano, sua propaganda está mais balanceada, tentando mostrá-la com uma face mais humana, além da ênfase em obras e programas de governo.

EXPERIÊNCIA

A presidente rebateu sua ex-colega de Esplanada –ambas são ex-ministras do presidente Lula– justamente com um dos principais focos de críticas à ex-senadora: a falta de experiência executiva.

O candidato do PSDB, Aécio Neves, já havia explorado o tema no sábado. Em Salvador, ao lançar seu programa para o Nordeste, ele disse que nenhum outro concorrente "tem um time mais qualificado para transformar o Brasil".

Sem citar Marina, Dilma afirmou: "O chefe do Poder Executivo tem obrigações claras pela Constituição, não é questão de ser gerente ou não. Isso é uma visão tecnocrática do problema, um presidente é executor". Disse ainda que "o pessoal está confundindo o presidente da República com algum rei ou rainha, que de fato só tem a representação".

REPRESENTAÇÕES

Ela também fez comparação com os regimes parlamentaristas, nos quais quem exerce de fato o poder é o primeiro-ministro. "É mais fácil ser só um representante do Poder, você anda para baixo e para cima só representando, é o papel dos presidentes em regimes parlamentaristas".

No início de sua fala, Dilma disse que iria almoçar com o escritor Lira Neto, autor de uma trilogia sobre Getúlio Vargas, e elogiou a trajetória do ex-presidente, dizendo que no fim de sua vida ele foi um "grande democrata".

Eleito em 1950, Getúlio suicidou-se há 60 anos, no auge de uma crise política. Da revolução de 30 a 1934, ele foi chefe do governo provisório. De 1934 a 37, presidente eleito por uma Constituinte. E de 1937 a 45, foi efetivamente um ditador no chamado Estado Novo.


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