Folha de S. Paulo


Delator sugere propina a diretores de fundo de pensão da Petrobras

Depoimento prestado por um novo colaborador da Polícia Federal aponta que integrantes do esquema de lavagem de dinheiro desmontado pela Operação Lava Jato podem ter pago propina para captar dinheiro do fundo de pensão da Petrobras.

O advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, preso durante a operação, se identificou aos policiais como sócio da CSA Project Finance, empresa operada pelo doleiro Alberto Youssef.

Em depoimento à PF no dia 15 de agosto, Costa disse que a CSA intermediou a venda de títulos da Indústria Metais do Vale para a Petros, fundo de pensão da Petrobras. Segundo o advogado, funcionários do fundo receberam propina para facilitar o negócio.

O advogado é suspeito de ser um testa de ferro de Youssef no megaesquema de lavagem de dinheiro.

E-mails interceptados durante a investigação revelaram que Youssef usou empresas para criar fundos de investimento que receberam dinheiro de fundos de pensão de prefeituras e de empresas estatais, inclusive a Petros.

No depoimento, Costa afirmou que guarda documentos que comprovam o pagamento de propina em um escritório em Barra Mansa (RJ).

O negócio, disse o delator, envolveu pelo menos três empresas e resultou num saque em dinheiro de R$ 500 mil que teriam sido divididos por cinco pessoas, entre elas dois diretores da Petros, entre 2005 e 2006.

À PF, o advogado disse que o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, esteve várias vezes na sede da CSA "possivelmente a fim de tratar de operações com fundos de pensão" com o outro sócio da empresa. Homem de confiança do ex-presidente Lula e ligado ao ministro Ricardo Berzoini (Relações Institucionais), Vaccari é responsável pelas contas do PT desde 2010.

Como a Folha revelou, um mês antes de a PF realizar as primeiras prisões operação, Vaccari esteve na sede da GFD Investimentos, empresa do esquema do doleiro. O petista admitiu conhecer Youssef, mas disse "não ter relacionamento" com o doleiro. Ele não explicou a razão pela qual procurou o doleiro.

PETROS NEGA IRREGULARIDADES

O fundo de pensão da Petrobras informou em nota que não vai se pronunciar porque não teve acesso à investigação.

Na nota, a Petros informou que fez operações de crédito privado a partir de 2005, "com o objetivo de financiar empresas menores que tenham boas perspectivas de expansão no mercado". "Todas as operações são realizadas respeitando-se a legislação vigente, o regulamento do fundo e os preceitos estabelecidos pelas políticas de investimentos da Petros".

João Vaccari Neto afirmou, em nota, que não conhece Carlos Alberto Pereira da Costa e que suas declarações à PF são "inverdades". Vaccari declarou ser amigo de Carlos Mente, que trabalha na CSA, mas que "nunca realizou negócios" com ele. O petista disse estar "à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos".


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