Folha de S. Paulo


No Paraná, campanha de tucano minimiza ausência de Marina

Rejeitado pela presidenciável Marina Silva (PSB), que diz que não irá subir em palanques de tucanos apoiados pelo PSB no país, a campanha do governador Beto Richa (PSDB), candidato à reeleição no Paraná, minimizou a ausência da candidata.

"Ela é autêntica. A posição dela já havia sido manifestada antes", diz o coordenador da campanha do tucano, o deputado federal Eduardo Sciarra (PSD). "Faz parte do jogo político; não é um fato negativo. Os quadros do PSB estão firmes na campanha."

O PSB do Paraná já reafirmou o apoio a Richa. "Aqui no Paraná não muda nada. A aliança com Richa era um compromisso do Eduardo [Campos]", disse o presidente estadual do PSB, Severino Araújo.

Ele inclusive informou que o PSB Paraná irá imprimir, a partir de amanhã, santinhos com as fotos de Marina e Richa, no mesmo modelo que havia com a foto de Campos.

"Vai ser assim: Marina e Beto, mais a colinha. É uma decisão do partido, não tem nada de ilegal nisso", disse Araújo. Questionado se Marina não iria reprovar a iniciativa, o dirigente respondeu: "Se ela quiser achar ruim, que ache. Eu estou cumprindo decisão partidária".

Em entrevista à rádio BandNews FM nesta quinta-feira (21), Richa disse que encara "com naturalidade" a decisão da presidenciável de não fazer campanha ao lado dele, e destacou que "o importante é que todo o seu partido me apoia e está oficialmente na nossa coligação".

UNIÃO

O PSB é um aliado antigo do PSDB no Paraná: integra as chapas tucanas desde 2008. Richa foi um dos principais artífices da união.

Em nome do aliado, o tucano abriu mão da candidatura própria do PSDB à Prefeitura de Curitiba em 2012, para apoiar Luciano Ducci (PSB). Com isso, perdeu um dos principais quadros do partido, o ex-deputado Gustavo Fruet, que queria concorrer pelo PSDB e acabou eleito prefeito pelo PDT.

Marina, por sua vez, nunca demonstrou simpatia a Richa.

Nas eleições passadas, mesmo sem partido, apoiou Fruet e fez campanha ao lado dele. Neste ano, chegou a se ausentar de um evento político no Estado, em que acompanhava Campos, para não encontrar o governador tucano.

Sua relação com o PSB paranaense também é pouco íntima: quem a recebia no Estado para eventos públicos até o fim do ano passado eram os militantes da Rede, e não do PSB.

REQUIÃO

Agora, quem está mais próximo de Marina no Paraná é o candidato Roberto Requião (PMDB), que é amigo da ex-ministra. Sua candidata a vice é do PV e já declarou que dará "toda a ajuda possível no Estado" à pessebista. "Não vou declarar voto. Mas estarei ao lado dela", diz Rosane Ferreira (PV).

Ainda assim, não há sinal no horizonte de que Marina suba no palanque do peemedebista, que tem declarado voto em Dilma.

O presidente do PSB do Paraná disse que o partido não irá apoiar Requião, que costumava fazer críticas contundentes a Campos, "em hipótese alguma". "Isso seria pegar os cadáveres do Campos e do [Miguel] Arraes [avô do ex-presidenciável] e jogar à margem da estrada", declarou Araújo.

Por ora, Marina deve fazer "campanha solo" no Paraná, sem subir em nenhum palanque.


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