Folha de S. Paulo


PSB e Rede disputam comando da campanha

No dia em que Marina Silva foi oficializada candidata à Presidência, o PSB e a Rede, grupo político comandado pela ex-senadora, travaram uma tensa disputa pelo controle burocrático da campanha ao Planalto.

Em rápida declaração na chegada ao encontro que formalizou sua candidatura, sete dias após a morte de Eduardo Campos, Marina disse que quer continuar com quem estava ao lado do aliado.

"Chego ao PSB com sentido de responsabilidade, com o compromisso nesses dez meses de intenso trabalho e de esforço político para mudar o Brasil ao lado de Eduardo Campos. E com a disposição de honrar esse compromisso e levá-lo adiante com todos esses que estavam ao lado de Eduardo", afirmou.

Durante reunião nesta quarta-feira (20), que durou cerca de seis horas em Brasília, Marina colocou dois homens de sua extrema confiança em postos estratégicos para a disputa eleitoral.

O deputado Walter Feldman foi escalado para a coordenação-geral da campanha ao lado de Carlos Siqueira, secretário-geral do PSB. Bazileu Margarido, que estava na vaga que agora é de Feldman, foi nomeado titular do comitê financeiro. Henrique Costa, então tesoureiro, passou a ser o adjunto.

Integrantes do PSB afirmaram à Folha que Marina teria "demitido" Siqueira. Aliados da agora candidata, porém, dizem que o caso foi apenas um mal entendido e que Feldman foi designado para trabalhar em dupla, ajudando Siqueira na sua função.

"É muito importante que ele [Siqueira] continue. Estamos tentando demovê-lo dessa ideia de sair da campanha", disse Feldman.

Horas depois, Marina enviou um emissário, Maurício Rands, para pedir desculpas pelo modo como falou com o secretário-geral do PSB. Siqueira, no entanto, estava irredutível e saiu da reunião dizendo que "não pisaria mais no comitê da campanha". Procurado pela Folha, Siqueira negou o atrito.

Questões sobre arrecadação também foram levantadas na longa reunião em Brasília. Marina tem restrições quanto a empresas que possam fazer doações.

Tabaco, armas e bebidas alcoólicas são exemplos de indústrias que a ex-senadora quer vetar como seus contribuintes. Para fazer esse controle, Bazileu Margarido assumiu o comando das contas.

ALIANÇAS REGIONAIS

Marina se comprometeu a manter os acordos regionais fechados por Campos mas reafirmou que não irá subir em palanques como os de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, em que o PSB apoia candidatos do PSDB. A ex-senadora foi contrária a várias alianças locais e comunicou que vai manter sua posição.

De acordo com o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), que esteve na reunião, Marina "não vai aonde já não iria". "Não há desconforto, tudo o que foi combinado com Eduardo será mantido", disse.

O PSB vai escalar o candidato a vice, deputado Beto Albuquerque (RS), para estar ao lado dos aliados nos Estados em que Marina se recusa a fazer campanha.

Editoria de Arte/Folhapress

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