Folha de S. Paulo


Em Rondônia, Dilma defende obras que geraram mal-estar com Marina

No primeiro evento de campanha após a reviravolta que colocou a ex-ministra Marina Silva na disputa pelo Planalto, a presidente Dilma Rousseff fez nesta terça-feira (19) uma agenda eleitoral para defender obras de infraestrutura e rebater críticas sobre seus impactos ambientais.

A petista visitou obras das usinas hidrelétricas de Jirau e de Santo Antônio, em Rondônia, e lembrou a "batalha" do governo do ex-presidente Lula para conseguir as licenças ambientais para as obras.

"Pra mim, é uma das grandes obras feitas entre o governo do presidente Lula e o meu", disse Dilma ao visitar a usina de Santo Antônio, em Porto Velho. "Na época, lutamos muito para viabilizar tanto Santo Antônio quanto Jirau", disse, acrescentando que tem "muito orgulho" das obras no rio Madeira.

Dilma disse ainda que o governo brasileiro contratou na época o especialista indiano Sultan Alan para auxiliar no projeto da licença ambiental. "Ele nos ajudou a provar que não teria grandes consequências para o assoreamento do rio [Madeira] como se pensava e se dizia que teria, através de um estudo, porque ele era o maior especialista nessa área", disse.

Em 2007, a cobrança do governo por mais agilidade nas licenças ambientais para as concessões das duas usinas criou um mal-estar entre Dilma e Marina –na época ministras da Casa Civil e do Meio Ambiente– e foi um dos motivos para a saída da hoje pessebista do governo Lula.

Antes colegas no governo Lula, as duas ex-ministras agora se enfrentam na disputa ao Palácio do Planalto. Após a morte do presidenciável do PSB Eduardo Campos na semana passada, Marina, então vice na chapa, deverá assumir a candidatura do partido nesta quarta-feira (20).

A entrada de Marina preocupa a equipe da petista, porque aumenta as chances de levar a eleição para o segundo turno. Pesquisa Datafolha realizada nos dias 14 e 15, após a morte de Campos, mostrou Dilma com 36% das intenções de voto, Marina com 21%, tecnicamente empatada com Aécio Neves (PSDB), que tem 20%. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Questionada sobre a entrada de Marina na campanha, a presidente disse que via "naturalmente". "É direito das pessoas concorrerem e é meu direito agora aproveitar esse período e apresentar as obras que nós estamos fazendo e tudo que estamos entregando", disse.

CAMPANHA

Durante a visita às obras, Dilma fez campanha corpo a corpo, conversou com operários e gravou imagens para seu programa eleitoral. Distribuiu aperto de mãos, abraços e posou para "selfies".

Ela almoçou no refeitório com operários e diretores do consórcio que administra as obras. Comeu arroz, feijão, farinha, salada e frango grelhado. "Tava uma maravilha a comida", disse ela.

Em seguida, visitou a casa de força que controla as 29 turbinas da hidrelétrica, que geram energia para Rondônia, Acre e para a região Sudeste.

As duas usinas, que operam parcialmente, receberam investimentos de R$ 43,9 bilhões, entre recursos públicos e privados. A entrega total das obras está prevista para ocorrer até 2016.

Em conversa com jornalistas, Dilma aproveitou para citar outras obras de infraestrutura de seu governo, como a usina de Belo Monte e a transposição do rio São Francisco, e programas do governo federal como o Pronatec e o Mais Médicos.

"[Hoje há] várias obras que vão garantir um novo ciclo de crescimento econômico, que vão fazer um Brasil moderno, mais inclusivo, ou seja, reduzir mais a desigualdade e garantir que mais pessoas se transformem em brasileiros de classe média", disse.

De Santo Antônio, ela seguiu de helicóptero para visitar a base de distribuição de energia das usinas para a região Sudeste.


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