Folha de S. Paulo


Renata ainda resiste a ser vice de Marina, diz irmão de Campos

Único irmão de Eduardo Campos, o advogado Antônio Campos disse que a viúva do ex-governador, Renata Campos, "ainda resiste" à ideia de assumir como vice de Marina Silva na eleição presidencial.

Nesta segunda-feira (18), um dia após o sepultamento do ex-governador de Pernambuco e aniversário de 47 anos de Renata, ela compareceu a uma reunião do PSB no Recife para reforçar a manutenção do projeto de Campos de eleger seu sucessor.

Renata chegou ao local do encontro sob muitos aplausos e gritos de "Renata, vice" e "guerreira". Desde que seu marido morreu e Marina Silva foi confirmada como cabeça da chapa nacional, o nome da ex-primeira-dama de Pernambuco começou a ganhar força como possível vice.

"Ela ainda resiste a esta ideia [de ser vice de Marina]. Mas, se ela decidir, tem o apoio da família", afirmou Antônio, conhecido como Tonca.

Ela ainda está impactada pela perda, segundo o advogado, para quem a resistência de Renata não é "definitiva".

"A grande liderança do partido hoje é Renata Campos. Peço que Renata esteja sempre conosco", disse no evento Roberto Amaral, que assumiu a presidência do partido no lugar de Campos.

Vestida com uma blusa amarela e um adesivo com o rosto de Campos no peito, Renata ficou de pé no palco, na primeira fila, com os filhos mais velhos atrás.

Sileno Guedes, presidente estadual do PSB, disse que ela tem agora o papel de preservar o discurso de Campos para manter o partido unido.

"Agora ela tem um papel muito mais importante também, um papel de nos aglutinar, nos reunir e provar para toda nossa militância, garantir para toda nossa militância, que o ingrediente da presença de Eduardo, do legado de Eduardo, vai continuar presente e eternizado entre nós", afirmou.

De acordo com a lei, Renata Campos deveria ter se afastado do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco desde o início de julho (três meses antes das eleições). Nos últimos meses ela estava de licença-maternidade e, agora, está cumprindo férias, de acordo com a assessoria do TCE-PE.

Diante disso, é bem provável que eventual candidatura dela não seja contestada pela Justiça. Integrantes do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e advogados eleitorais ouvidos pela Folha afirmam que há uma jurisprudência no tribunal no sentido de que o que vale é o real exercício da função pública. Ou seja, se comprovado que Renata não exerceu na prática sua atividade no TCE-PE, seja pela licença-maternidade, seja pelas férias, ela está liberada para concorrer em outubro.

Renata Campos é filiada ao PSB desde 1991. Auditora do TCE-PE, foi cedida ao governo do Estado em 2007, quando Campos assumiu o governo, e devolvida em em 7 de abril, logo após o marido deixar o governo para concorrer à Presidência.

No entanto, ela já estava de licença-maternidade desde 28 de janeiro, quando nasceu Miguel, seu quinto filho com Campos. A licença-maternidade acabou no dia 26 de julho, mas Renata entrou de férias imediatamente e só retorna ao trabalho em 26 de agosto.

"Ela não deu expediente formal neste ano aqui no tribunal", disse o presidente do TCE-PE, Valdecir Pascoal.

CANDIDATA

O PSB superou as divergências internas e selou acordo para lançar Marina Silva à Presidência da República no lugar de Eduardo Campos. Ela concordou com a inversão da chapa e deverá ser anunciada oficialmente na próxima quarta-feira (20). O novo presidente da sigla, Roberto Amaral, prometeu a Marina que ela não precisará permanecer no partido caso seja eleita.

O PSB agora discutirá a indicação do novo vice na chapa presidencial. O deputado gaúcho Beto Albuquerque, hoje candidato ao Senado, é o mais cotado para a vaga. No entanto, diversas lideranças do partido têm afirmado que a posição é de Renata, caso ela queira.


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