Folha de S. Paulo


Cotado para vice, Beto Albuquerque era porta-voz de Campos e amigo de Marina

Principal cotado para assumir a candidatura de vice-presidente em uma possível chapa de Marina Silva, o deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS) é considerado um dos principais aliados de Eduardo Campos e ganhou a simpatia da ex-ministra nos últimos meses.

Pessebista histórico, filiado desde 1986, o gaúcho de 51 anos foi um dos primeiros no partido a defender a candidatura de Campos à Presidência.

Líder do PSB na Câmara, foi o porta-voz do pernambucano para as críticas mais contundentes ao governo federal, justamente durante o período de afastamento do PT, em 2013.

"Ele sabia do tratamento que o PT dava ao PSB e atuou de forma determinante na saída do partido do governo federal", conta o aliado Miki Breier, que é deputado estadual pelo PSB no Rio Grande do Sul.

Atual vice-presidente do PSB Nacional, Albuquerque tinha uma relação muito boa com Campos e com o PSB de Pernambuco, Estado que visitou inúmeras vezes durante o processo de construção da candidatura à Presidência.

O ex-presidenciável costumava brincar que, se o gaúcho fosse candidato ao Senado em Pernambuco, seria eleito de lavada. Atualmente, Albuquerque concorre à vaga pelo PSB no Rio Grande do Sul. Está em terceiro lugar na disputa, com 12%, segundo o último Datafolha.

AMIGO

Mais que isso, porém, o gaúcho tem bom trânsito com Marina –o que é apontado como um fator fundamental do seu favoritismo para o posto de vice.

Albuquerque foi um dos primeiros a visitar a ex-ministra após a morte do pernambucano, em seu apartamento em São Paulo.

Tido como bom articulador político, de conversa franca, é um dos responsáveis por "aparar as arestas" com a Rede nos Estados em que há ruídos em relação a alianças e propostas.

Acima de tudo, sua relação com o senador Pedro Simon (PMDB-RS) joga a seu favor. O gaúcho de 84 anos é uma das principais referências políticas da ex-ministra. Marina costuma dizer que Simon foi o "patriarca" da aliança com Campos. Ele decidiu se aposentar neste ano e apoia Albuquerque para sucedê-lo no Senado.

Tal como Marina, Albuquerque também tem um histórico de proximidade com o PT. Foi secretário de Transportes do governo de Olívio Dutra (PT) no Rio Grande do Sul, entre 1999 e 2002. Depois, como deputado federal, foi vice-líder do governo Lula na Câmara, entre 2003 e 2009.

Quando soube da morte de Campos, o candidato ao Senado estava num evento político na Federasul (Federação do Comércio do RS), onde acompanhava o candidato ao governo gaúcho José Ivo Sartori (PMDB).

Com o celular no ouvido, repetia: "Não pode ser, não pode ser". Chorou muito quando a notícia foi confirmada, e declarou em seguida: "Perdemos o nosso timoneiro".

Para aliados, agora, caso seja de fato escolhido como o candidato a vice de Marina, caberá a Albuquerque ser o novo timoneiro do PSB, com um papel fundamental na articulação e união do partido em torno da nova candidatura.


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