Folha de S. Paulo


Em piscina, mãe e bebê escapam com ferimentos leves após queda de avião

"Ouvi um barulho que parecia um míssil. De repente, explodiu e o teto caiu", disse Larissa Pires Corrêa Andrade, 34.

Ela e a filha Gabriela, de um ano e nove meses, escaparam da queda do avião que matou o presidenciável Eduardo Campos com apenas algumas ferimentos.

O avião atingiu a academia onde mãe e filha faziam uma aula de natação. Elas são duas entre seis pessoas que estavam no local do acidente e escaparam com ferimentos leves.

Larissa disse que o teto ruiu, trazendo abaixo grossos cacos de vidro e estruturas metálicas que compunham a cobertura da academia Mahatma, que ambas frequentam há cerca de dois meses.

"Protegi minha filha, que estava sangrando, e saí da piscina junto com a professora que também sangrava. Do lado de fora, as pessoas gritavam que um avião havia caído. Não quis esperar o resgate e saí do local com o carro".

Trajando maiô, ela colocou a filha ferida no banco traseiro do carro, que estava na área não atingida, e dirigiu até a Santa Casa.

Abalada, ela aguarda que a filha seja liberada até esta quinta-feira. A bebê levou seis pontos no braço esquerdo, mas ficará em observação, já que teve algumas escoriações na cabeça. Já a mãe teve apenas ferimentos leves nos dedos e cabeça.

"Nasceram de novo. Tudo o que eu quero é sair daqui com elas e abraçá-las na nossa casa", disse o pai da menina, o advogado Fabiano Rodrigues Andrade, 34.

Acompanhe a cobertura sobre a morte de Eduardo Campos

Ele é casado com a também advogada Larissa, que há dois meses acompanha a filha nas aulas de natação na academia Mahatma, no bairro Boqueirão. O local e um prédio contíguo foram bastante danificados pelo acidente.

Segundo o marido, ambas brincavam na piscina quando o teto veio abaixo. "Disseram que a asa caiu perto da outra piscina", disse.

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Nos corredores da Santa Casa de Misericórdia de Santos o assunto é tratado por funcionários como "milagre". "Foi um milagre", reforçou Fabiano. Ele disse que soube de tudo assim que houve o acidente, quando Larissa lhe telefonou. "Ninguém tinha ideia que era o avião do Eduardo Campos", disse ele. Questionado sobre em quem votaria, disse que hoje escolheria Marina Silva.

ACASO

Maria Ester Homem de Bettencourt, 45, disse que escapou por minutos do acidente. O avião atingiu os fundos da sua casa.

Enrolada em uma manta térmica após ser amparada pelos bombeiros, a psicóloga contou à Folha que estava no quintal cerca de 15 minutos antes do jatinho cair.

"Eu estava no tanque quando senti uma dor de cabeça e fui buscar um remédio. Saí e fui para a sala. Minutos depois, ouvi um barulho muito grande", disse Maria Esther.

Após a explosão, a psicóloga viu que nada havia acontecido com ela e com seus pais, que também moram na casa. Católica, ela disse que se ajoelhou para agradecer.

"Foi quando a porta dos fundos explodiu. Eu percebi ela passando por cima de mim. Se eu estivesse em pé, teria me atingido", contou.

Após o acidente, Maria Ester saiu correndo da casa. Ela ficou boa parte do dia ao lado das equipes dos bombeiros acompanhando as buscas. Até sua casa ser liberada pela Defesa Civil, ela e seus pais ficarão na residência de parentes.


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