Folha de S. Paulo


Campos diz não haver 'nada errado' em patrocinar indicação da mãe ao TCU

O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, afirmou que não vê "nada de errado" em seu empenho pessoal para eleger a mãe, Ana Arraes, como ministra do TCU (Tribunal de Contas da União), em 2010. À época, o presidenciável era governador de Pernambuco e foi o principal articulador da candidatura da então deputada federal à vaga vitalícia em um dos cargos mais cobiçados da Esplanada.

Em entrevista ao vivo nesta terça-feira (12) no "Jornal Nacional", da TV Globo, Campos minimizou sua influência na eleição da mãe e, questionado se considerava ser "um bom exemplo para o país" ter usado "seu prestígio e poder em uma campanha para que um parente ocupasse um cargo público e vitalício", disse que "simplesmente torceu para que ela ganhasse". A atribuição do TCU é fiscalizar o governo federal.

Reprodução/Globo
Eduardo Campos em entrevista ao Jornal Nacional da TV Globo no dia 12 de agosto de 2014
Eduardo Campos em entrevista ao Jornal Nacional da TV Globo no dia 12 de agosto de 2014

Outras indicações polêmicas de parentes de Campos para o Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco também foram abordadas e o candidato aproveitou para fazer novas promessas de campanha. Defendeu uma "reforma constitucional" para estabelecer mandatos e acabar com os cargos públicos no Judiciário. Campos justificou que a medida serviria para "oxigenar os tribunais" e garantir um processo de escolha "impessoal".

"Sobretudo agora que vamos ter cinco vagas no Supremo Tribunal Federal, a gente precisa fazer uma espécie de comitê de busca, juntar pessoas com notórias especialidades e conhecimento para fazer, ao lado do presidente, a seleção de pessoas para esses lugares vitalícios que ainda existem na Justiça". Os ministros do STF têm aposentadoria compulsória aos 70 anos.

Ao falar sobre sua relação com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem foi ministro da Ciência e Tecnologia (2004-2205), e com os governos do PT, dos quais foi da base de sustentação até setembro do ano passado, Campos justificou sua candidatura ao Planalto como um "direito" e disse que "só porque você apoiou, não está condenado a apoiar quando já não acredita e não se sente representado naquele governo".

O pessebista atacou a presidente Dilma Rousseff, a quem citou nominalmente para dizer que os eleitores que votaram nela estão "frustrados", e disse ainda que a petista não cumpriu o que prometeu. "Vamos estar pior na economia, na questão da violência, na logística, pior na relação externa com o resto do mundo. Estamos oferecendo um caminho para o país voltar a crescer".

Campos aproveitou a entrevista para exaltar sua aliança com a ex-senadora Marina Silva e disse que sua chapa "não é feita de opinião, mas de pensamento". "Ao lado da Marina Silva, quero representar sua indignação, seu sonho, seu desejo de ter um Brasil melhor, não vamos desistir do Brasil. Para isso é preciso ter coragem para mudar, para fazer diferente".

A presidente Dilma Rousseff (PT) e o Pastor Everaldo (PSC) serão entrevistados pelo telejornal nesta quarta (13) e quinta (14), respectivamente. O critério da TV Globo é o mesmo de 2010: o candidato precisa ter 3% para ser entrevistado na bancada e 6% para aparecer na cobertura diária da emissora.

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AUDIÊNCIA

Segundo dados prévios, o trecho do "JN" com Eduardo Campos registrou 21,4 pontos no Ibope –a média de todo o telejornal foi de 21,8 pontos. Cada ponto corresponde a 65 mil domicílios na Grande SP.


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