Folha de S. Paulo


Em entrevista, Aécio diz que não se constrange por usar aeroporto em MG

O candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG) negou ter qualquer constrangimento ético por ter utilizado o aeródromo de Cláudio (MG), construído dentro de um terreno de seu tio-avô que foi desapropriado pelo Estado.

Os questionamentos a respeito da obra dominaram a sabatina a que o tucano foi submetido, ao vivo, no "Jornal Nacional", na noite desta segunda-feira (11). Diversos temas polêmicos para a candidatura de Aécio e o seu partido foram abordados, como os casos do cartel no metrô de São Paulo e o mensalão mineiro. Mas a obra em Cláudio, patrocinada pelo tucano quando governador, ocupou quase um terço do tempo que o presidenciável tinha para expor suas ideias.

A entrevista no "JN", telejornal com maior audiência do país, é considerada um evento precioso para os presidenciáveis por promover, antes do início da propaganda eleitoral, ampla exposição nacional dos candidatos.
O caso da construção do aeródromo foi revelado pela Folha no dia 20 de julho. O PT, partido de sua principal adversária, a presidente Dilma Rousseff, que busca a reeleição, tem apostado no episódio para fustigar o tucano.

Questionado se considerava "republicano" construir um aeroporto que poderia ser visto como benefício para a família, "no mínimo, por valorizar as terras dela", Aécio rebateu dizendo que, "nesse caso especificamente, se houve algum prejudicado, foi esse meu tio-avô". "Ele reivindica R$ 9 milhões e não recebeu um real até hoje".

O tucano também foi questionado sobre a proximidade da obra com a Fazenda da Mata, sítio de sua família, que fica a 6 km do aeródromo de Cláudio. "Essa fazenda a qual você se refere está na minha família há 150 anos. Ninguém faz negócio ali", respondeu, com um sorriso no rosto.

"Nunca na minha vida fiz algo que eu não pudesse defender de cabeça erguida. (...) Até porque nesse local já havia uma pista [de terra]. Eu poderia ter descido lá", concluiu, encerrando o assunto.

Durante toda a entrevista Aécio fez um esforço para parecer mais didático. O tucano tentou falar de modo mais pausado do que o habitual e procurou "traduzir" algumas expressões. Logo após citar o "aeródromo" emendou: "uma pista asfaltada".

Usou ao mesmo recurso ao falar de economia. Ao citar os resultados negativos da balança comercial brasileira, disse que o produto dos números do governo Dilma é a geração de empregos fora e não dentro do país.

O tucano ainda admitiu que o próximo governo terá de promover um "realinhamento" de preços em tarifas que hoje estão represadas, mas não deu detalhes do que planeja. "Quando e como [fazer], obviamente só quando tiver os dados sobre a realidade do governo", afirmou.

No fim da entrevista, o tucano fez questão de se dirigir diretamente aos eleitores e citou personagens que foram abordados em propagandas do PSDB. O tucano foi cuidadoso para encerrar sua resposta dentro do tempo previsto e evitar uma interrupção. Por mais de duas vezes checou o cronômetro ao lado de uma das câmeras.


Endereço da página:

Links no texto: