Folha de S. Paulo


Alteração de perfis de jornalistas em site é 'inadmissível', diz Dilma

Um dia após o Planalto decidir que vai investigar a autoria das alterações feitas em perfis de jornalistas na Wikipédia, a presidente Dilma Rousseff disse repudiar "integralmente" as intervenções.

"Eu repudio integralmente esse tipo de ação, como fiz diante de todos os vazamentos. Nesse caso específico, é algo que quem quiser fazer individualmente que faça, mas não coloque o governo no meio", afirmou a candidata à reeleição em evento de campanha em Osasco (SP), na manhã deste sábado (9). "Isso é absolutamente inadmissível por parte do Planalto e do governo federal."

Segundo a petista, com a investigação será possível descobrir quem usou um endereço de IP (identificação digital) da Presidência para alterar artigos sobre os jornalistas Míriam Leitão e Carlos Alberto Sardenberg, conforme revelou reportagem do jornal "O Globo" na sexta (8).

OUTROS CASOS

No final de julho, a Folha revelou que esse mesmo endereço de IP foi usado para incluir elogios na página do site Wikipédia sobre o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo paulista.

Editoria de Arte/Folhapress

A conexão à web da Presidência foi usada para retirar trecho sobre suspeitas de corrupção na Funasa (Fundação Nacional da Saúde) quando Padilha era diretor do órgão, e incluir elogio ao programa Mais Médicos. "Com o sucesso do Mais Médicos Padilha se torna um dos pré-candidatos petistas à disputa pelo governo de São Paulo em 2014", dizia o texto.

O mesmo endereço de IP registrado em nome da Presidência foi usado para retirar informações possivelmente constrangedoras das páginas do vice-presidente Michel Temer (PMDB) e da secretária de Direitos Humanos Ideli Salvatti.

No primeiro caso, a página de Temer sofreu alterações em relação à biografia de sua mulher, Marcela Temer. Foram retiradas a idade e a informação de que, antes de se casar com o vice-presidente, ela foi candidata a miss em Paulínia (a 117 km de São Paulo).

O computador da Presidência também foi usado para retirar a informação de que Temer é membro da maçonaria. Ambas as mudanças no texto foram feitas em outubro do ano passado, mas somente a primeira não foi revertida.

No caso de Ideli, foi retirada a informação de que ela votou a favor do arquivamento de ações contra o senador José Sarney (PMDB-AL) na Comissão de Ética da Casa, em 2009. Também foi suprimida uma frase que a ministra disse à época: "Vou ser triturada politicamente".

Ambas as mudanças, feitas em janeiro deste ano, foram posteriormente revertidas por editores da Wikipédia.


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