Folha de S. Paulo


Com baixa arrecadação, campanha petista prepara 'operação resgate'

Principal aposta do PT para as eleições estaduais, a campanha de Alexandre Padilha ao governo paulista informou em sua primeira prestação de contas à Justiça Eleitoral uma despesa de R$ 33,1 milhões. O valor representa quase 175 vezes a arrecadação de R$ 188 mil registrada pelo petista na largada da disputa pelo Palácio dos Bandeirantes.

Segundo a assessoria de Padilha, o montante é a previsão de gastos declarada a partir dos contratos que já foram firmados, mas não saiu efetivamente do caixa da campanha. Os auxiliares, no entanto, não informaram o gasto real do candidato nem souberam explicar porque foi adotado este modelo de prestação de contas.

Um ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ouvido pela Folha sob a condição de anonimato disse que o caso específico precisa ser analisado, mas que um partido pode avisar o valor global de um contrato desde que também contemple o que efetivamente foi pago desta despesa.

Na prestação, o principal dispêndio é com a produção do propaganda eleitoral da Tv, a um custo de R$25 milhões. O valor será repassado para a FG Marketing Eleitoral SPE LTDA, empresa de Valdemir Garreta, responsável pelo marketing da campanha. A empresa de Digital Polis Propaganda e Marketing LTDA do marqueteiro João Santana, que supervisiona a campanha, é de R$ 4 milhões.

A despesa com a equipe jurídica é de R$ 1,7 milhão e com a equipe de comunicação R$ 1,6 milhão.

RESGATE

O desempenho da arrecadação de Padilha é considerado atípico para uma campanha ao governo e já foi criticada até por petistas que cobram uma reação da candidatura. Além dos R$ 188 mil do candidato, o comitê financeiro declarou ter angariado R$ 114 mil.

A maior parte dos recursos do candidato foi repassado pelo comitê financeiro que recebeu doações da Equipav Engenharia, CRBS, CR Almeida S/A Engenharia de obras e UTC Engenharia S/A. A direção nacional entregou R$89 mil.

A Folha apurou que a despesa com o pagamento de pessoal da campanha é calculada em R$150 mil por mês. A coordenação de Padilha negocia coma cúpula da campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff uma operação de resgaste.

A solução discutida pela equipe de Padilha prevê a divisão de gastos, especialmente com pessoal e material de campanha, uma vez que Dilma tem intensificado a busca por votos no Estado, maior colégio eleitoral do país e onde a petista apresenta alta taxa de rejeição (47% segundo Datafolha).

De acordo com interlocutores de Dilma, a campanha de reeleição vai fazer uma arrecadação para o PT. A fala é interpretada como um indicativo de que haverá um empenho para socorrer o petista.

O senador Eduardo Suplicy (PT), que busca a reeleição, declarou ter arrecadado R$ 259,7 mil. O congressista foi seu maior doador: R$194 mil. Ele recebeu ainda uma contribuição de R$ 8 de Padilha.


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