Folha de S. Paulo


Em campanha com Lula, Padilha promete fazer o 'Pronatec paulista'

Diante das dificuldades da campanha de Alexandre Padilha (PT) ao governo paulista, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou um corpo a corpo nesta terça-feira (5) para justificar a indicação do afilhado político para a disputa e minimizar seu desempenho nas pesquisas de intenção de votos.

Após levar Padilha para a porta de fábrica de uma montadora em São Bernardo do Campo, Lula disse que não se "assusta" com pesquisas de intenção de votos, pregou um discurso de divisão de classe entre patrões e trabalhadores e atacou a gestão do PSDB pela crise hídrica do Sistema Cantareira.

O ex-presidente defendeu a escolha de Padilha para concorrer ao comando do Estado e ironizou as avaliações de que ele seria seu terceiro poste, após a presidente Dilma Rousseff e o prefeito Fernando Haddad.

Juca Varella/Folhapress
Lula e Padilha fazem ato político na porta da fábrica da Ford em São Bernardo do Campo
Lula e Padilha fazem ato político na porta da fábrica da Ford em São Bernardo do Campo

"Estarei muitas vezes com você [Padilha] já que São Paulo é minha prioridade. Mas já que disseram que você é um poste, nós gostamos de poste porque poste ascende às luzes que São Paulo precisa".

Desde que Padilha deixou o Ministério da Saúde no início do ano para se preparar para a eleição, a campanha tem enfrentado uma série de desgastes. O mais recente é a dificuldade para a arrecadação. Padilha angariou R$203 mil em doações, desempenho bastante atípico para uma disputa ao governo. Ele ainda continua com dificuldades para decolar nas pesquisas, registrando 4% das intenções de voto.

"Eu tenho consciência de que nesse momento político de muita dificuldade, de muitas dúvidas, de muita descrença, você aguarda que agora começou o jogo", disse Lula durante declaração acompanhada por um grupo pequeno de trabalhadores na porta da fábrica.

O prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, disse que falta de recursos traz preocupação para qualquer campanha e disse esperar que os responsáveis estejam tomando providências.

Sobre os problemas financeiros, Padilha desconversou e disse que sua campanha segue a linha tradicional do PT que é nas ruas.

Lula minimizou as pesquisas. "Quando vem aqui você sai daqui percebendo que as pesquisas não significam nada porque o jogo está começando. As pesquisas valem como Casa de apostas", disse. "De vez em quando eu acompanho pesquisa e nunca me assustei com as pesquisas", afirmou.

Uma pesquisa de intenção de voto feita entre moradores das sete cidades da região do ABC paulista aponta empate técnico entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB), além de apontar baixo desempenho de Padilha.

Mesmo com a presença de Lula, poucos trabalhadores permaneceram no local para acompanhar as falas dos petistas. O ex-presidente chegou a dizer que o candidato teria que voltar à fábrica. Lula e Padilha aproveitaram para gravar cenas para a propaganda eleitoral na televisão na saída do turno no fim da tarde. Por lá, tiraram bastante fotos.

" Dá próxima vez, temos que pedir ao sindicato que convoquem uma assembleia para os trabalhadores e temos que arrumar um carro de som melhor", chegou a reclamar o ex-presidente.

CLASSES

A visita de Lula a porta de fábricas no ABC costuma ocorrer nas últimas eleições. Nos atos, além de falar para o tradicional eleitorado petista, ele relembra sua origem de líder sindicalista que o levou para a política.

Na fala, Lula fez várias referências a divisão de classes. Uma delas ao destacar o currículo de Padilha. "Ele foi um médico que, ao invés de ficar aqui em São Paulo, foi cuidar de doenças tropicais na Amazônia, lá em Santarém, durante muito tempo e poderia ter ficado na Avenida Paulista como tantas pessoas ".

Na sequência, destacou a fidelidade dos sindicalistas ao PT. "Esse povo aqui não vota com nenhum candidato que tenha vinculo com empresários. Eles sabem que aqui eles tem que demarcar campo de classe", afirmou.

Lula disse ainda que o PT ficou mais sofisticado para fazer política. "Quando a gente nasceu dizia que peão não vota em patrão. Era 1982. Obviamente que nós aprendemos muito, ficamos sofisticados e aprendemos a fazer política com muito mais competência do que fizemos na vida", disse.

Ele voltou a atacar o governador Geraldo Alckmin (PSDB) pela crise da água. "Eles ficam preocupados se vai faltar energia lá em Brasília e embaixo do nariz dele está faltando água para o povo beber aqui em são Paulo".

PRONATEC

Em meio à movimentação, Padilha anunciou mais uma versão paulista de um programa do governo federal. O candidato se comprometeu a criar o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) paulista, com a criação de 2 milhões de vagas.

A medida tenta criar um contraponto a discurso do adversário Paulo Skaf (PMDB), presidente licenciado da Fiesp.


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