Folha de S. Paulo


Justiça bloqueia bens de deputado envolvido em denúncias de corrupção

A juíza Alessandra Tufvesson Peixoto, da 3ª Vara de Fazenda Pública bloqueou, na tarde desta segunda-feira (4), os bens do deputado federal Rodrigo Bethlem, da sua ex-mulher Vanessa Felippe, da ONG Casa Espírita Tesloo e dos ex-presidente da entidade, o major reformado da Polícia Militar Sérgio Pereira de Magalhães Júnior.

A decisão aconteceu a pedido da promotora Gláucia Santana, da 5ª Promotoria de Justiça e Tutela Coletiva da Cidadania do Ministério Público estadual que investiga suspeita de desvios de dinheiro nos contratos entre a ONG Tesloo e a Secretaria Municipal de Assistência Social quando Bethlem estava à frente da pasta, 2011, quando parte dos contratos foram assinados.

Também foram determinados pela juíza a quebra de sigilos bancário e fiscal de todos os suspeitos.

Rafael Andrade/Folhapress
Rodrigo Bethlem durante operação da Secretaria de Ação Social
Rodrigo Bethlem durante operação da Secretaria de Ação Social

Na ação, que pede o bloqueio dos bens, enviada pelo Ministério Público, a promotora informa estar rastreando cerca de R$ 17 milhões repassados à ONG pelos contratos assinados por Bethlem. Os repasses da prefeitura desde 2005 podem chegar a R$ 80 milhões.

Os bens da ex-mulher de Bethlem, a empresária Vanessa Felippe foram bloqueados porque a promotoria tenta descobrir se as pensões destinadas Vanessa Felippe foram pagas com propina da ONG.

As suspeitas sobre Bethlem tiveram início a partir do dia 25 de julho quando os sites das revistas "Veja" e "Época" publicaram gravações feitas por sua ex-mulher, Vanessa Felippe. Desde 2011, ela gravou conversas com o deputado federal. Em uma delas, Bethlem, afastado da secretaria de Governo da Prefeitura do Rio para disputar a eleição para deputado federal, afirma receber R$ 70 mil mensais pelo contrato do governo com a Tesloo.

O acordo entre a prefeitura do Rio e a Tesloo previa o cadastramento de famílias de baixa renda que seriam beneficiadas pelo programa Bolsa Família.

Em vídeos, Vanessa Felippe recebe R$ 20 mil em dinheiro. Os pacotes eram entregues por um funcionário parlamentar de Rodrigo Bethlem.

CONTA EM ZURIQUE

A revista "Época" revelou, neste fim de semana, indícios que apontam para a existência de uma conta de Rodrigo Bethlem na Suíça. Ele mesmo havia comentado sobre a conta em conversa gravada pela ex-mulher, mas "Época" publicou no fim de semana um e-mail em que o ex-deputado recebe mensagem de um interlocutor desconhecido com o código de uma conta no banco Vontobel, em Zurique, na Suíça.

A mensagem aponta para uma transação financeira por meio da conta suíça, mas não oferece detalhes dos valores ou da data da movimentação bancária.

A existência de uma conta no país europeu por si só não incrimina o deputado, mas o uso de bancos suíços para depósitos é frequentemente adotado na movimentação de recursos provenientes de corrupção, pelo sigilo absoluto adotado pelo sistema bancário do país.

No caso de Vanessa e Bethlem, as suspeitas recaem sobre a origem do dinheiro usado por ele para honrar o acordo de divórcio que manteve com a ex-mulher, que teria envolvido por volta de R$ 600 mil –cabe a Polícia Federal investigar suposta evasão de divisas envolvendo contas no Exterior.

Rodrigo Bethlem nega ter recebido propina. A empresária Vanessa Felippe não atendeu às ligações em seu telefone celular. O major reformado da Polícia Militar Sérgio Pereira de Magalhães Júnior não foi encontrado.


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