Folha de S. Paulo


Para Alckmin, tem havido 'exploração política' na crise da água em SP

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), saiu nesta segunda-feira (4) em defesa da administração tucana e acusou os seus principais adversários na disputa deste ano de fazer uso político da crise de desabastecimento do Sistema Cantareira. O tucano, que avaliou como um "equívoco" os recentes ataques, afirmou que tem havido "muita exploração política" na escassez de água.

Na avaliação dele, a falta de chuvas nos últimos meses foi "excepcional" e "inimaginável". Ele negou que houve falta de investimentos por parte do governo paulista e, para defender-se das críticas, citou entrevista do presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga, segundo o qual o governo paulista está "até fazendo milagre" na crise de desabastecimento.

"Não existe sistema adequado para qualquer situação. Em engenharia, você trabalha com risco. Risco zero supõe risco infinito. O fato é que estamos em um momento excepcional e a água está garantida", afirmou Alckmin, ao participar de sabatina promovida pelo jornal "O Estado de S. Paulo".

A área de segurança hídrica é considerada pelos adversários do tucano um dos pontos fracos de sua administração e, por isso, tem sido alvo principal dos candidatos Paulo Skaf (PMDB) e Alexandre Padilha (PT). Eles acusam o governo paulista de não ter investido o suficiente para evitar a atual crise e irão explorar mais o tema na propaganda eleitoral televisiva, que terá início na semana que vem.

Na sabatina, o governador também saiu em defesa da diminuição da pressão da água distribuída na Grande São Paulo no período noturno, iniciativa também atacada por seus adversários. Segundo ele, a medida, que tem sofrido críticas de alguns moradores de regiões atingidas, é feita "rotineiramente".

"Isso é normal, é trabalho que se faz permanentemente. Não tem nenhum problema. Aliás, eu tenho visto muita exploração política. No ano passado, a ouvidoria da Sabesp teve 28 mil reclamações. Em 2014, foram 15 mil, caiu pela metade", disse.

PROMESSA

O governador foi cobrado na sabatina sobre promessa feita na campanha eleitoral de 2010 de entregar 30 km a mais de linhas de metrô. Em janeiro, a Folha mostrou que, pelo ritmo das obras, a promessa será cumprida apenas pela metade até o final do ano.

Em resposta, ele justificou que, no período, houve uma licitação que foi anulada e disse que, atualmente, há 101 km de obras em andamento. "O mundo não vai acabar em 31 de dezembro. Tem coisa que vai ser entregue em janeiro e em fevereiro", disse.

MAIS MÉDICOS

O governador disse não ser contra o Mais Médicos, principal vitrine eleitoral de seu adversário petista. Ele ressaltou, no entanto, que o programa federal não é o suficiente para resolver a crise na saúde. De acordo com ele, não adianta ter médicos se há falta de hospitais.

"O problema da saúde é de financiamento. A União é a mais rica e foi saindo do financiamento. Há uma crise de financiamento e prioridade sem financiamento é discurso", criticou.

CAMPOS

Sob pressão do PSB em São Paulo, o governador evitou se comprometer a fazer campanha eleitoral ao lado do candidato da sigla à sucessão presidencial, Eduardo Campos. No final do mês passado, o tucano havia dito que, caso fosse convidado, participaria de eventos com o presidenciável, cujo partido apoia o governador na disputa estadual.

"Eu só tenho um candidato, que é o senador Aécio Neves (PSDB). Ele [o eleitor] sabe que o meu candidato é o Aécio Neves, mas tenho um grande apreço pelo Eduardo Campos", disse.

'FALAR MAL'

Em relação à atuação policial nos recentes protestos, o governador defendeu que é necessário "parar de falar mal da polícia" que, segundo ele, "tem agido com absoluto profissionalismo". De acordo com ele, são "intoleráveis" manifestações de vandalismo e depredação de "pessoas que se escondem atrás de máscaras".

A atuação das forças policiais têm sido alvo de críticas de movimentos populares, que acusam a Polícia Militar de agir com "truculência". Um dos críticos é o ativista Fábio Hideki Harano, preso e suspeito de cinco crimes.

O governador negou a informação de que forças policiais teriam plantado provas contra o manifestante. "De maneira alguma, por que a policia plantaria provas contra alguém?", questionou.

De acordo com laudos técnicos aos quais a Folha teve acesso, os artefatos encontrados com manifestantes presos no últimos dia 23 de junho em protesto contra a Copa do Mundo não eram explosivos.


Endereço da página:

Links no texto: