Folha de S. Paulo


Na CUT, Dilma diz que oposição quer 'ambiente de quanto pior, melhor'

Em seu primeiro ato de campanha em São Paulo, a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quinta-feira (31) para uma plateia de sindicalistas que nesta eleição "será preciso dar uma goleada nos pessimistas" e reforçou a estratégia de sua campanha de pregar que seus adversários, se eleitos, vão acabar com benefícios sociais de distribuição de renda e com a política de valorização do salário mínimo.

A fala foi direcionada para sindicalistas da CUT (Central Única dos Trabalhadores) que confirmaram apoio para a reeleição de Dilma. Com um discurso cheio de frases de efeito, Dilma disse que querem criar no país um "ambiente de quanto pior, melhor".

"Nós vamos fazer uma campanha respeitosa, não precisamos xingar ninguém. Agora, é uma campanha que vai confrontar a verdade ao pessimismo que querem implantar no Brasil, que querem criar o ambiente de quanto pior melhor. Nós queremos um Brasil de quanto mais futuro melhor", disse Dilma, sendo amplamente aplaudida.

Eduardo Anizelli/Folhapress
A presidente Dilma participa de evento da CUT com Alexandre Padilha, em Guarulhos
A presidente Dilma participa de evento da CUT com Alexandre Padilha, em Guarulhos

A petista citou a valorização do salário mínimo como o principal fator para a diminuição das desigualdades sociais e disse que a gestão do partido nos últimos 12 anos lutou para assegurar o trabalho que é a principal válvula para o desenvolvimento do país.

Ela voltou a citar que o desempenho da economia nacional é puxado pela crise financeira internacional. Segundo Dilma, a oposição sempre responsabilizou e puniu o trabalhador em momento de crises financeiras, arrochando salários, sem reconhecer a participação do mercado.

"Nessa eleição vamos ter que dar uma goleada nos pessimistas. Para dar uma goleada de pessimistas, temos de ver aquilo que nos julgamos mais valioso para nós que são os direitos conquistados", afirmou. "Por isso, eu digo que o meu compromisso com a valorização do salário mínimo se deve porque lutamos para transformar o Brasil", completou.

Dilma afirmou que a receita brasileira para combater a crise financeira é gerar emprego e renda.

Ela disse ainda que não se pode flexibilizar direitos trabalhistas. "Nós não temos que ficar achando... de adaptar direitos trabalhistas. Nós temos que garantir que cada vez mais categorias tenham direitos. Flexibilizar é no mau sentido", acrescentou.

A presidente afirmou ainda que cumpre suas promessas. "Não fui eleita nem serei reeleita para colocar nosso país de joelhos diante de quem quer que seja. Isso significa também reconhecer para vocês que eu não sou uma pessoa pretensiosa. Posso não acertar sempre, como qualquer outro ser humano, posso não agradar a todos, aliás acho que desagrado alguns. Eu não traio meus princípios, meus compromissos, não traio minha parceria..

Ela disse que sua reeleição representa a vitória de um projeto. "Eu vou dizer para vocês como eu acho que mais uma vez vamos eleger um projeto. Não é A, B ou C, mas quem representa um projeto", afirmou.

A presidente foi cobrada pelos sindicalistas por promessas que enfrentam resistência do Planalto, como a redução da jornada de trabalho e o fim do fator previdenciário.

A política do mínimo que estabelece reajustes pela reposição da inflação segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), acrescida do índice de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos dois anos anteriores.

Petistas acusam o economista Armínio Fraga, coordenador da área de economia do presidenciável tucano, Aécio Neves, de defender a redução do salário mínimo.

Dilma também prometeu, se reeleita, fazer mais três milhões de moradias no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.

SÃO PAULO

Com alta taxa de rejeição em São Paulo, Dilma aproveitou a presença dos sindicalistas para atacar o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que busca a reeleição, citando a crise de abastecimento do Sistema Cantareira. Ela disse que o PT age trabalhando para resolver os problemas, e citou o pessimismo sobre o fornecimento de energia durante a Copa do Mundo.

"A verdade vence a falsidade e o pessimismo quando a gente lembra o que aconteceu na Copa, quando a gente leu em todos os jornais que iam faltar luz elétrica. Não vai falar energia, mas aqui em São Paulo, água pode faltar. Nós tornamos todas as providências. Com a gente, não é conversa, é trabalho duro", provocou.

Dilma fez afagos ao candidato do PT ao governo paulista, Alexandre Padilha. Alegre, dançou discretamente seu jingle e depois do discurso desceu para cumprimentar sindicalistas e tirar fotos. A mobilização dos sindicalistas foi feita pela CUT, mas os custos do evento serão pagos pelo PT.


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