Folha de S. Paulo


Dilma diz não temer fantasmas no Alvorada

"Não tenho medo de fantasmas, mas uma parente minha não sai no corredor porque acha que vai encontrar o Figueiredo", afirmou a presidente Dilma em conversa descontraída sobre a rotina no Palácio da Alvorada com jornalistas e assessores após sabatina.

Gargalhando, a presidente fez a revelação sobre o suposto espectro do antecessor no cargo entre 1979 e 1985. João Baptista Figueiredo (1918-99) foi o último presidente do regime militar. Dilma disse que não temia assombração por obra do pai, que nunca permitiu que ela ouvisse histórias do gênero –que pululam em Minas, Estado natal de Dilma.

Citou contos como o da "mula sem cabeça" e descrições sobre a figura da morte. "Eu tive a sorte de ter tido um pai que proibia ficar mostrando estes contos para nós", disse a presidente.

Ela lembrou que, por isso, só foi ver um "defunto quando tinha uns dez anos". Foi aí que, aos risos, lembrou da parente. "Não tem explicação", disse sobre a familiar, que dorme eventualmente no palácio.

Ao mostrar o Alvorada, comparou a residência oficial com o apartamento que ocupava antes de assumir a Presidência. "Aquele canto é a dimensão humana", apontando para a ala residencial do palácio, que fica do lado oposto ao que serviu de cenário para a sabatina.

Ao ser indagada sobre do que se tratava a dimensão humana", explicou: "gosto do meu apartamento porque você senta na cadeira para tomar café da manha, aí estica o braço, abre a gaveta e pega uma colher. Isso é a dimensão humana", disse.

Após a entrevista, conduziu os jornalistas pelo palácio, passando pela biblioteca e seguindo para a capela, na área externa. Isso aqui é maravilhoso", disse. Apontando para os jardins, disse que, onde puder, colocará flores.

A piscina só usou quatro vezes, uma na companhia do neto Gabriel, filho de sua única filha, Paula. E a presidente consegue aproveitar o amplo espaço aberto para se exercitar? Eu caminhava, mas faz uns seis meses que não consigo mais".

Durante a sabatina, uma andorinha entrou na sala onde a presidente concedia a entrevista e passeou por alguns minutos. Aos jornalistas, ela explicou: "Aqueles são impossíveis. Se você abrir aqui, entram três. Elas moram ali [ apontando para o teto da sala do Alvorada] e querem ficar ali. Às vezes elas andam aqui horas e horas".

A presidente fez, ainda, elogios aos tucanos que, segundo ela, são encontrados na Granja do Torto, outra residência oficial da Presidência. "Eles voam muito bonito com as pernas para trás assim, o bico para frente. Tucano é uma maravilha".

"E tucano ruim é sem bico?", quis saber um jornalista. "Sem bico. Com bico a gente acha legal", respondeu a presidente.

Ao final da conversa, Dilma posou para uma série de fotos com alguns presentes e se mostrou antenada com a moda de autorretratos em câmeras digitais. "Meu filho, se tem uma coisa que eu tenho é experiência em selfie! Dilmarousselfie!"


Endereço da página:

Links no texto: