Folha de S. Paulo


Petistas criticam Skaf por não dar espaço a Dilma em seu palanque em SP

Coordenadores da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) criticaram abertamente neste domingo (27) a atitude do candidato do PMDB ao governo de São Paulo, Paulo Skaf, de se recusar a dar espaço em seu palanque à petista.

Com o candidato do PT em São Paulo, Alexandre Padilha, estacionado nas pesquisas, com 4% de intenção de voto, aliados da presidente cobram espaço no palanque local do PMDB, partido que nacionalmente é o principal aliado na coalizão de Dilma.

"Ou ele [Skaf] é ingênuo ou é politicamente mal orientado", afirmou Edinho Silva (PT-SP), tesoureiro da campanha de Dilma.

Edson Silva /Folhapress
O candidato do PMDB ao governo do Estado de São Paulo, Paulo Skaff
O candidato do PMDB ao governo do Estado de São Paulo, Paulo Skaff

Chefe do comitê de reeleição da petista no Estado de São Paulo, o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, foi na mesma direção.

"Acho que é um grande erro [a posição de Skaf]. Um erro de análise. Ele vai arcar com as consequências do erro ", disse Marinho, na posse da direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Skaf deu diversas declarações para explicitar seu desinteresse em combinar sua estratégia com a campanha de Dilma. O principal argumento para resistir ao alinhamento com a petista vem das pesquisas eleitorais: a rejeição à presidente em São Paulo chega a 47% do eleitorado, segundo o último Datafolha.

O receio é que isso contamine a candidatura do peemedebista e enfraqueça seu principal mote de campanha: a de ser "terceira via" em uma polarização entre PSDB e PT.

A campanha de Dilma conhece os argumentos do peemedebista e os rebate.

"Como a eleição em São Paulo é muito nacionalizada, quem ficar de fora da polarização terá a votação desidratada. Isso, para nós, é ruim, pois o esvaziamento dele pode inviabilizar o segundo turno", disse Edinho Silva.

"É impossível um candidato do PT, com Lula e Dilma, não crescer. E se o Skaf continuar a evitar entrar na campanha da Dilma, pode ficar esvaziado como ficou em 2010", acrescentou.

Os estrategistas de Skaf, no entanto, afirmam que, ficar ao lado da presidente, aumenta a dificuldade do candidato de conquistar o eleitor que hoje apoia a reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB) -o tucano apareceu com 54% das intenções de voto, no último Datafolha.

Editoria de Arte/Folhapress

INTERVENÇÃO

O vice-presidente Michel Temer, principal fiador da candidatura do partido, já disse a Skaf que o PMDB abrirá no primeiro turno palanque para a presidente. O candidato, no entanto, tem resistido às investidas, o que leva petistas a defenderem uma intervenção de Temer no comitê do correligionário para forçar a "venda casada" das duas campanhas no Estado.

Em maio, Dilma afirmou que a união de candidaturas de PT e PMDB no Estado era a "fórmula do segundo turno". "A gente não pode ser ingênuo e não perceber o que significa uma derrota dos tucanos em São Paulo, sendo bem clara", disse a presidente durante jantar com a cúpula do PMDB. O áudio foi obtido pela Folha à época.

Neste domingo, em São Paulo, o petista Alexandre Padilha ironizou a resistência de Skaf em fazer campanha para Dilma. "Comigo não precisa fazer reunião, enquadrar, não precisa nem piscar pra mim. Eu sou louco pela Dilma, sou louco pelo Lula, tenho muito orgulho do que fizemos no Brasil", afirmou.

Procurado, Skaf não retrocedeu em seu argumento. "Temos uma disputa em São Paulo em que tanto o PT como o PSDB são nossos adversários", disse à Folha.

Colaborou DANIELA LIMA, de São Paulo


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