Folha de S. Paulo


Alckmin gasta R$ 50 em dia de campanha e diz que 'passou da conta'

Sempre que pode, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), repete em seus discursos que o pai lhe deixou uma recomendação: "Acorde cedo, tenha coragem e leve uma vida pessoal modesta", relata. Neste sábado (26), depois de gastar R$ 51 para recepcionar com café e pastel o candidato de seu partido à Presidência, Aécio Neves, o paulista se auto-penitenciou.

Os "excessos" começaram antes de iniciar a primeira agenda com Aécio: uma caminhada no Parque da Juventude, onde antes funcionou o complexo penitenciário do Carandiru, às 10h. Os dois chegaram juntos ao local, que estava praticamente vazio.

Com o tempo fechado e frio, poucos paulistanos se arriscaram a encarar o programa pela manhã. Para matar o tempo, Alckmin levou o mineiro a uma lanchonete. Pediram oito cafés, o suficiente para a comitiva tucana, que incluía os ex-governadores José Serra e Alberto Goldman.

Depois do "brinde" para a foto, chegou a hora da conta. "Vai lá, Goldman", disse um dos tucanos. "Pedem logo para o judeu pagar", respondeu o ex-governador, em tom de piada. Alckmin percebeu a inércia e emendou. "Ele colocou a mão no bolso, mas não quis pagar". Sacou R$ 16 da carteira e quitou a dívida. "Pior que tem que ser o Alckmin mesmo. Hoje eu esqueci a carteira. Tô sem nada aqui", comentou Aécio.

Mesmo com pouco movimento, os tucanos cumpriram a agenda. No fim, quando atravessavam o parque, começou a chover fino. Alckmin, que enfrenta uma crise hídrica no Estado e críticas de adversário por má gestão da área, em vez de reclamar, comemorou. "Ulysses (Guimarães) dizia que candidato precisa ter sorte. O Aécio tem tanta que trouxe até a chuva", brincou.

De improviso, para compensar a falta de público no primeiro evento, levou Aécio à segunda agenda de seu dia. Os dois foram a uma feira promovida pelo padre Rosalvino, um dos principais nomes da Igreja Católica em São Paulo, com especial popularidade na zona leste.

Alckmin e Aécio caminharam por estandes e assistiram a um desfile de moda com roupas feitas pela comunidade. Passava do meio-dia quando chegaram ao fim da exposição e o padre os levou a uma barraca de pastéis.

A comitiva dos tucanos pediu 10 pastéis. Ninguém se moveu. Alckmin foi comprar as fichinhas. Deixou R$ 35. Dessa vez, Goldman pagou o próprio lanche. No fim, o governador fez as contas e constatou ter gasto mais do que o usual. "Não vai dar pra jantar fora", brincou um dos presentes. "Não mesmo. Hoje eu passei da conta."


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