Folha de S. Paulo


Com Dilma, Edir Macedo irá inaugurar templo de R$ 680 milhões em SP

Na mais ostensiva demonstração de poder de sua trajetória, o bispo e empresário Edir Macedo, dono da TV Record, receberá na próxima quinta (31) a presidente Dilma Rousseff, entre outras autoridades, para a inauguração de uma enorme e suntuosa sede da Igreja Universal do Reino de Deus em São Paulo.

Batizada como Templo de Salomão –a casa de Deus, no judaísmo– a obra tem 74 mil metros quadrados de área construída (3,2 vezes maior que a Basílica de Aparecida), o equivalente a 18 andares de altura e capacidade para 10 mil pessoas. Custou R$ 680 milhões, diz a igreja.

Ocupando um quarteirão inteiro do Brás, bairro central degradado com sedes de diversas outras igrejas, o prédio é tratado como local sagrado pela Universal. Tem adornos e regras de comportamento interno inexistentes nos outros cerca de 6 mil endereços da denominação no Brasil.

No ato de inauguração, só Edir Macedo irá falar. Jornalistas ficarão do lado de fora.

Nos últimos dias, o complexo foi aberto para pastores e obreiros vindos de ônibus fretados de vários Estados. As centenas de homens e mulheres que lotavam as calçadas da região esperando a abertura dos portões chamavam a atenção. Todas elas de terninho, saia, meia e sapato azul marinho. Todos eles de camisa branca, terno e gravata com o logo da Universal.

Na rua, muitos param para contemplar o gigantismo da edificação e tirar fotos. Ambulantes já vendem camisetas e relógios de parede com imagens do prédio.

Para atrair fiéis de outras igrejas, a Universal decidiu não colocar sua inscrição na fachada. Também criou um memorial com a história do templo original de Salomão, destruído no século 586 a.C., e a própria trajetória.

Para o sociólogo Ricardo Bitun, o templo é marco da atual "tendência judaizante" da Universal. "A valorização de símbolos como o menorá, a arca da aliança e a barba comprida do sacerdote são outras manifestações disso."

Agora barbudo, Edir Macedo passou a liderar cultos com um manto branco e um quipá judaico na cabeça.

Editoria de Arte/Folhapress

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