Depoimentos de manifestantes à polícia apontam um jovem, à época com 17 anos, como um dos encarregados de preparar coquetéis-molotovs que seriam usados no "junho negro" –série de atos que pretendia impedir a realização da Copa.
Segundo os relatos, ele disse a uma então namorada que mataria um policial militar. Outra testemunha contou que o viu montando quatro coquetéis-molotov em sua casa, em uma favela da zona norte do Rio, depois testados em um campo de futebol.
O jovem não está entre os 23 réus do processo em que são acusados de associação para cometer crimes durante as manifestações na cidade.
Sandro Vox/Agência O Dia | ||
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Na época dos atos, ele era menor –completou 18 anos em 11 de julho. Seu caso está na 1ª Vara da Infância e Juventude, onde responde por fatos análogos a desobediência, desacato e destruição.
Apontado como administrador de páginas dos "black blocs" em redes sociais, o jovem morava, nos últimos meses, na casa da advogada Eloísa Samy, 45, réu no processo. Ela pediu asilo político no Consulado Geral do Uruguai, na segunda (21).
O nome dele também aparece em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça nas quais ela orienta duas pessoas a fugirem de sua casa antes que a polícia chegasse para cumprir mandado de busca e apreensão, em 11 de junho.
"Saiam daí agora porque tem um mandado de busca e apreensão", diz Samy a Gabriel da Silva Marinho, o Napalm, outro réu do processo.
A advogada estava na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática quando ligou, usando celular de Elisa de Quadros Sanzi, a Sininho.
CASAIS DESFEITOS
Ex-namorada do jovem, uma adolescente de 17 anos contou à polícia que ele e Napalm estavam sempre na linha de frente dos protestos, convocando vandalismo.
Segundo ela, seu então namorado lhe contou que quebrava agências bancárias e já teria atingido um policial do com um coquetel-molotov.
A jovem relatou ter o visto arremessando bombas caseiras e bolas de gude, com estilingue, na direção da polícia. Disse ainda que ele estava preparando coquetéis-molotovs para o "junho negro".
Em mensagens entre os dois, interceptadas pela polícia, ele reclama de ter que cumprir serviço comunitário: "Maior sacanagem armarem contra mim, por isso na Copa eu vou matar um PM", disse.
Em outro depoimento, uma jovem de 21 anos o classifica como "muito violento" e diz que ele "faz molotovs, bombas de fumaça e jacarés" e distribui aos manifestantes.
Anne Josephine Louise Marie Rosencrantz, ex-namorada de Luiz Carlos Rendeiro Júnior, o Game Over, também relatou à polícia ações violentas após ele a ter trocado por Sininho, conforme revelou o jornal "O Estado de S. Paulo".
OUTRO LADO
A Folha não conseguiu localizar nesta sexta (25) a advogada Eloísa Samy, representante legal do jovem, para comentar os depoimentos.
No dia anterior, ela havia dito à reportagem que decidiu ajudá-lo porque "ele era o que se encontrava em condição mais vulnerável".
Samy disse que o incentivou a encontrar outra forma de protestar, sem violência. Antes da Copa, ele teria passado a filmar atos com câmera emprestada pela advogada.