A advogada Eloisa Samy, 45, que na manhã desta segunda-feira (21) pediu asilo político ao Consulado-Geral do Uruguai no Rio, em Botafogo, zona sul, deixou o prédio por volta das 19h15.
A informação foi confirmada à Folha pela deputada estadual Janira Rocha (PSOL), que passou a tarde no local acompanhando o caso. Nem o consulado no Rio, nem a embaixada em Brasília se pronunciaram oficialmente sobre o caso até a publicação desta reportagem.
Samy é uma das 23 pessoas denunciadas pelo Ministério Público do Rio por associação criminosa armada para atuação em protestos violentos desde junho do ano passado. Ela teve sua prisão preventiva decretada pela Justiça na última sexta (18) e é considerada foragida.
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Jornalistas e ativistas aguardavam os desdobramentos do caso na porta do prédio quando advogados que prestavam assistência a Samy chamaram à imprensa para um canto com a justificativa de que iriam atualizar as informações.
Teria sido neste momento que Samy deixou o local em um carro. Também teriam deixado o prédio os outros dois ativistas que acompanharam Samy no pedido de asilo: David Paixão, 18, e Camila Nascimento, 19.
Por uma hora ainda permaneceu a dúvida se a advogada teria ou não deixado o local. Os advogados não confirmavam sua saída, ainda que o porteiro do prédio dissesse o contrário. Não ficou esclarecido de quem seria o carro usado pelos ativistas.
Os advogados que prestavam apoio jurídico à advogada eram Rodrigo Mondego e Rogério Borba, do CDA (Coletivo de Advogados), grupo que atende manifestantes no Rio.
Diante das informações desencontradas, a reportagem entrou em contato com a deputada Janira Rocha (PSOL) que confirmou que a advogada havia deixado o prédio.
Segundo Janira, foi explicado à advogada que o asilo político não pode ser concedido em consulados, apenas em embaixadas. A cônsul do Uruguai no Rio, Myriam Fraschini Chalar, teria dito que o Brasil é considerado um estado democrático de direito e, por isso, não seria o caso de conceder asilo, ainda que fosse permitido.
Policiais da DRCI (Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática) chegaram a fazer um plantão na porta do consulado durante a tarde, mas deixaram o local horas depois. Policiais Militares à paisana chegaram a subir no prédio, mas deixaram o local à pedido de funcionários do consulado.
Em vídeo divulgado na internet, Samy diz que é "uma perseguida política, sendo criminalizada pela minha atuação na defesa dos direitos de manifestação".
"Fui denunciada pelo crime de formação de quadrilha armada com outras 22 pessoas, algumas das quais sequer conhecia. Meu único crime é a firme posição que adotei para defender a Constituição e a máxima contida na frase 'posso não concordar com tudo que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-lo'", afirma ela no vídeo.
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OS 23 ACUSADOS
Acusada de incitar em 2013 queima de ônibus e do prédio da Câmara Municipal do Rio:
- Elisa de Quadros Pinto Sanzi (vulgo Sininho)
Acusados de vandalismo:
- Luiz Carlos Rendeiro Junior (vulgo Game Over)
- Gabriel da Silva Marinho
- Karlayne Moraes da Silva Pinheiro
- Igor Mendes da Silva
- Camila Aparecida Rodrigues Jourdan
- Igor Pereira D'Icarahy
- Drean Moraes de Moura Corrêa (vulgo DR)
- Shirlene Feitoza da Fonseca
- Leonardo Fortini Baroni Pereira
- Emerson Raphael Oliveira da Fonseca
- Rafael Rêgo Barros Caruso
- Filipe Proença de Carvalho Moraes (vulgo Ratão)
- Pedro Guilherme Mascarenhas Freire
Acusados de depredação:
- Felipe Frieb de Carvalho
- Pedro Brandão Maia (vulgo Pedro Punk)
- Bruno de Sousa Vieira Machado
- André de Castro Sanchez Basseres
- Joseane Maria Araujo de Freitas
Acusada de ceder carro para uso em ato:
- Rebeca Martins de Souza
Acusada de participar de atos:
- Eloísa Samy Santiago (advogada)
Acusados de portar o rojão que atingiu e matou o cinegrafista Santiago Andrade
- Fabio Raposo Barbosa:
- Caio Silva Rangel de Souza
Fonte: Ministério Público do Rio
Colaborou ADRIANO BARCELOS