Folha de S. Paulo


Aeroporto não beneficiou familiares, afirma Aécio

O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, disse em nota divulgada neste domingo (20) que não houve favorecimento a sua família na construção de um aeroporto pelo governo de Minas Gerais dentro da propriedade de um parente.

A Folha revelou no domingo que, no fim do segundo mandato de Aécio como governador de Minas Gerais, o Estado gastou quase R$ 14 milhões para construir no município de Cláudio um aeroporto num terreno cujo dono é Múcio Guimarães Tolentino, tio-avô do candidato tucano e ex-prefeito da cidade.

Aécio usou seus perfis nas redes sociais para contestar a reportagem da Folha. "O aeroporto foi construído em área pertencente ao Estado, não havendo investimento público em área privada", afirmou o candidato tucano.

"Não houve nenhum tipo de favorecimento", disse. "Tanto que o antigo proprietário da área não concordou com a desapropriação e contesta suas bases na Justiça."

A área foi desapropriada pelo Estado antes da execução da obra, mas o tio de Aécio contesta na Justiça o valor proposto pelo governo para a indenização, que ainda não foi paga. Com a desapropriação, o Estado obteve a posse do terreno, mas ele só poderá ser registrado em nome do governo após o pagamento.

Aécio disse que o governo estadual entregou em julho de 2011 toda a documentação necessária para a homologação do aeroporto pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). "Assim como vários outros aeroportos no Estado, [o de Cláudio] aguarda a conclusão do processo", disse. Em maio deste ano, a Secretaria Nacional da Aviação Civil assinou convênio com o governo mineiro para que assuma a operação do aeroporto.

A Prefeitura de Cláudio enviou nota à Folha dizendo que as chaves do aeroporto ficam com a prefeitura, e não com a família de Múcio Tolentino.

REPORTAGEM

Como a Folha mostrou neste domingo, os familiares de Aécio ficam com as chaves do portão do aeroporto e o administram na prática. Aécio não fez comentários sobre isso na nota que distribuiu neste domingo. Na semana passada, a assessoria da Anac informou à Folha que ainda não recebeu todos os documentos necessários para a homologação do aeroporto e que, por isso, o aeroporto opera de maneira irregular.

A ação de desapropriação do terreno onde está o aeroporto foi iniciada pelo governo mineiro em março de 2008. O Estado fez depósito judicial de R$ 1 milhão para garantir o pagamento da indenização. Em maio deste ano, a Justiça nomeou um perito para avaliar o imóvel.

O chefe de gabinete da prefeitura da cidade, José Vicente de Barros, disse à Folha na semana passada que interessados em usar o aeroporto precisam pedir autorização à família de Múcio e indicou seu filho Fernando Tolentino, que é primo de Aécio, como responsável pelo aeroporto.

Fernando afirmou que Aécio usa o aeroporto sempre que visita a cidade, onde sua família é proprietária da Fazenda da Mata. Indagado pela Folha sobre a frequência com que usa o aeroporto, Aécio não respondeu na semana passada. Ele não se manifestou sobre isso domingo.

Antes de o aeroporto ser construído, havia no local uma pista de pouso de terra. Ela também foi construída pelo governo de Minas, em 1983, quando o Estado era governado por Tancredo Neves (1910-1985), avô de Aécio, e Múcio era prefeito de Cláudio.

Editoria de Arte/Folhapress

NOTA

A assessoria da campanha de Aécio Neves (PSDB) enviou à Folha a seguinte carta sobre a reportagem publicada no domingo (20) sobre o aeroporto de Claudio (MG):

Com relação à reportagem "Governo de Minas fez aeroporto em terra de tio de Aécio", publicada na edição de ontem, a Coligação Muda Brasil lamenta os equívocos contidos no texto e esclarece:

  1. Não foi feita nenhuma obra na fazenda de familiares. A área em que foi construído o aeroporto de Cláudio pertence ao Estado.
  2. Em sua gestão como governador de Minas Gerais, Aécio Neves não construiu um novo aeroporto na cidade de Cláudio. Como parte do programa Pro-Aéreo, que garantiu investimentos nos aeroportos do Estado, o governo de Minas investiu na melhoria das condições da pista de pouso já existente no local. A pista fica em área pública, desapropriada antes da licitação das obras.
  3. A documentação para homologação do aeroporto foi enviada à Anac em 22 de julho de 2011. Assim como vários outros aeroportos no Estado, aguarda a conclusão do processo. Em maio de 2014, foi assinado convênio entre a Secretaria Nacional da Aviação Civil e o governo de Minas para a operação do aeroporto.
  4. Não houve nenhum tipo de favorecimento, como insinua a reportagem. Tanto que o antigo proprietário da área não concordou com a desapropriação e contesta suas bases na Justiça. Até hoje ele não recebeu nenhum centavo.
  5. Todas as atitudes do governo de Minas Gerais referentes ao aeroporto de Cláudio se deram dentro da mais absoluta transparência e lisura.

Otávio Cabral, assessor de imprensa da Coligação Muda Brasil


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