Folha de S. Paulo


Ativistas presos no Rio responderão por formação de quadrilha armada

Os 26 suspeitos que tiveram mandado de prisão expedido pela Justiça no Rio terão que responder por formação de quadrilha armada. 19 pessoas já foram presas na manhã deste sábado (12), um dia antes da final da Copa do Mundo, que acontece no Maracanã, às 16h.

Entre os presos, há um professor de história, morador da zona sul, que não teve o nome divulgado, e a ativista Elisa Quadros Pinto Sanzi, conhecida como Sininho. Dois adolescentes foram apreendidos.

A pena para a formação de quadrilha –associação de três ou mais pessoas para cometerem crimes– vai de 1 a 3 anos de reclusão, mas é dobrada caso exista o agravante do grupo estar armado.

"Temos informações de que essas pessoas planejavam provocar torcedores argentinos para gerar confronto", disse o chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso.

Ele disse que "o quadro probatório robusto foi o suficiente para convencer Promotoria e Justiça", mas não revelou as provas -o caso corre em segredo de Justiça.

Veloso disse ainda que Sininho era o "alvo principal" do grupo.

"Essas prisões são um absurdo. Elas têm caráter intimidatório sem fundamento legal com claro intuito de impedir o direito de manifestação [na final da Copa]. Acho que é uma decisão que não poderia se sustentar. Vamos entrar com pedido de liberdade ainda hoje no plantão judiciário", disse Marcelo Chalreo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, que prestava assistência aos presos, no Rio.

Diana Brito /Folhapress
Artigos apreendidos pela polícia após prisão de manifestantes no Rio
Artigos apreendidos pela polícia após prisão de manifestantes no Rio

Os presos foram levados para a Cidade da Polícia, zona norte do Rio. Policiais dizem que os suspeitos planejavam fazer atos de vandalismo em manifestação programada para a final do Mundial, no entorno do Maracanã.

Esta é a segunda vez que a polícia prende ativistas no Rio fora de manifestação durante o período da Copa. Em 11 de junho, um dia antes da abertura da competição, dez pessoas foram levadas para prestar esclarecimentos na Cidade da Polícia.

Segundo investigadores, alguns presos foram flagrados negociando artefatos explosivos em escutas telefônicas. Máscaras, explosivos e armas de fogo foram encontradas por policiais em casas de suspeitos.

A ONG de direitos humanos Justiça Global reagiu às prisões e disse que a ação tem o "propósito único de neutralizar, reprimir e amedrontar aqueles e aquelas que tem feito da presença na rua uma das suas formas de expressão e luta por justiça social."

Em São Paulo, a polícia tomou atitude parecida no último dia 23 de junho, quando convocou 22 manifestantes para prestarem depoimentos em delegacias. No mesmo dia, dois ativistas foram presos durante ato contra a Copa.

Diana Brito /Folhapress
Artigos apreendidos pela polícia após prisão de manifestantes no Rio
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