Folha de S. Paulo


Embraer entra na produção do caça Gripen brasileiro

A fabricante sueca Saab e a Embraer anunciaram nesta sexta-feira (11) um memorando delineando a participação da empresa brasileira na produção da versão do caça multifuncional Gripen para a Força Aérea Brasileira. A maior novidade é que a Embraer irá participar do desenvolvimento do modelo com dois lugares do avião.

O Gripen foi escolhido pelo governo brasileiro após uma competição de mais de uma década. Foram compradas 36 unidades, 28 delas para um piloto e outras 8 "biplace" mais voltadas a treinamento, ao custo de US$ 4,5 bilhões.

A entrega deverá começar em 2018 e estender-se até 2023, e o financiamento a ser negociado por até mais 14 anos depois disso. Saab e FAB ainda não assinaram os contratos definitivos para a produção, o que deve acontecer até o fim do ano.

O ponto central da compra é a transferência de tecnologia, e o acordo com a Embraer dá as bases para isso. Embora mais de 50 empresas brasileiras possam beneficiar-se da parceria com os suecos, apenas a indústria aeronáutica paulista tem a capacidade de integrar as tecnologias _e eventualmente sediar a linha de montagem do Gripen no país, o que deve acontecer após a entrega de alguns lotes do avião.

AFP
O avião caça sueco Saab Gripen NG, durante voo
O avião caça sueco Saab Gripen NG, durante voo

Além disso e do desenvolvimento do modelo de dois lugares, há a previsão de que Embraer e Saab trabalhem juntas na promoção de vendas do modelo no mercado internacional. "Por meio dessa parceria, vamos garantir um excelente resultado para a FAB e vamos estabelecer uma base sólida para o sucesso em oportunidade futuras de negócios e clientes", disse o presidente e executivo-chefe da Saab, Hakan Buskhe.

O memorando, ainda que previsível, joga água fria nas pretensões políticas do prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT). Entusiasta da compra do avião sueco, ele se anuncia em encontros políticos como o homem que trouxe o Gripen ao Brasil e insinuou que o caça poderia ser montado em sua cidade.

Na realidade, a Saab irá abrir uma fábrica em São Bernardo para a montagem de peças da fuselagem do avião. A integração dos sistemas e finalização do produto, quando isso acontecer no Brasil, será feito pela Embraer em Gavião Peixoto. Quando o último avião sair da fábrica, sua nacionalização esperada é da ordem de 40%.

O modelo escolhido pelo Brasil é o NG, um protótipo de nova geração do Gripen. Com duas gerações anteriores, a A/B e a C/D que são operadas por seis países, o avião agora está recebendo um "upgrade" tecnológico e será conhecido como E/F.

No Brasil, deverá ser chamado de Gripen BR, com características próprias do pedido da FAB. Em 2016, para evitar um apagão na defesa aérea brasileira e preparar a transição do atual F-5 para o Gripen, até 12 modelos C/D deverão ser emprestados ou alugados ao Brasil até a chegada do E/F.

A Suécia já encomendou 60 unidades do E/F, com opção para mais 10 devido à insegurança gerada pelo papel mais agressivo da Rússia no trato de suas fronteiras.

O programa teve um revés importante com a consulta popular realizada na Suíça que engavetou a compra, já aprovada pelo Parlamento, de 22 unidades. Em princípio isso não deverá afetar diretamente a produção brasileira, embora sempre haja dúvidas acerca do impacto na saúde financeira da Saab.

Editoria de Arte/Folhapress

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