Folha de S. Paulo


Após acidente, Prefeitura de BH decreta feriado para jogo do Brasil

A Prefeitura de Belo Horizonte decidiu decretar feriado municipal nesta terça-feira (8), no dia do jogo entre Brasil e Alemanha no Mineirão em uma das semifinais da Copa do Mundo.

É a primeira vez que será feriado na cidade em razão da Copa –anteriormente, havia sido decretado ponto facultativo em dias úteis.

A prefeitura não informou se o decreto do feriado teria relação com a queda de um viaduto Batalha dos Guararapes, na última quinta-feira (3), que provocou a morte de duas pessoas e feriu outras 23.

Em nota, a prefeitura disse apenas que o feriado tem como "objetivo facilitar a mobilidade urbana no município em virtude da realização do jogo semifinal da Copa".

O Mineirão já recebeu cinco jogos da Copa, quatro deles de outras seleções. O Brasil jogou em Belo Horizonte apenas um dia (28), contra o Chile, pelas oitavas de final, em um sábado, dia da semana em que o trânsito costuma ser menos intenso.

Ainda segundo a nota, estão excluídos do feriado municipal "órgãos e entidades vinculados à operação da Copa do Mundo, serviços essenciais, tais como unidades de saúde, básicas e hospitalares, públicas e privadas e serviços de transporte público".

A prefeitura informa que também poderão funcionar regularmente estabelecimentos como bares, restaurantes, comércio de rua, centros comerciais, shopping centers e demais pontos turísticos, entre outros.

PERÍCIA

Neste domingo (6), o Tribunal de Justiça de Minas decidiu embargar a demolição do restante do viaduto, além da remoção dos escombros, a pedido do Ministério Público Estadual.

O trabalho da perícia policial prosseguiu ao longo deste domingo. No local do desastre também atuavam bombeiros, agentes da Defesa Civil e investigadores da Polícia Civil. A previsão era de estender os trabalhos para o período da noite.

Equipes da Polícia Militar cercavam cada lado da área isolada, para garantir que pessoas não autorizadas se mantivessem longe da área do desabamento.

Pela tarde, curiosos tentavam observar os trabalhos da perícia. No grupo estava o empresário José Vasconcelos, 50, que, por questão de segundos não se viu envolvido na tragédia.

"Eu estava na avenida, três carros para trás quando o viaduto caiu. Foi muito rápido. Mais um pouco poderia ter sido eu ali", diz. "De um momento para o outro, deu aquele estrondo, muita poeira e gente gritando".

Ele conta que mora na região e, depois do almoço de domingo, decidiu mostrar à família onde aconteceu o desastre. Como o trecho é parte fundamental entre onde mora e o trabalho, Vasconcelos diz que agora alongou o caminho. "Ou passo pela avenida Portugal ou pela avenida 12 de Outubro em direção à avenida Vilarinho. Mas por esses viadutos eu nunca mais passo".

A aposentada Maria da Conceição Vieira, 72, que mora em um dos prédios mais próximos ao viaduto, diz que está apreensiva quanto à segurança de seu imóvel. "A Defesa Civil esteve aqui no sábado (5) e disse para avisar qualquer problema. Mas nós, moradores, não nos sentimos seguros. Se tivermos que sair daqui de repente, não temos para onde ir", afirma ela, que mora com o filho e uma neta.

Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte afirma que a Defesa Civil "se reuniu com moradores do entorno do viaduto, estabeleceu uma comissão para o acompanhamento dos trabalhos e irá monitorar diariamente a segurança das edificações da vizinhança". Essa conversa, segundo os moradores, aconteceu depois que eles se reuniram para protestar nas imediações do local do desastre.

DESVIOS

Com o trecho da avenida Pedro 1º onde aconteceu o desabamento ainda interditado, a BHTrans, empresa que controla o trânsito em Belo Horizonte, anunciou desvios. A sinalização desses desvios, porém, segundo o que a reportagem observou, ainda não é suficiente.

Quem segue no sentido pela avenida Pedro 1º no sentido/bairro deve pegar o Viaduto João Samaha, depois a avenida Dr. Álvaro Camargos, entrar na avenida Vilarinho, na sequência seguir pela rua das Melancias e só então retomar a Pedro 1º.

Já para quem trafega no sentido bairro/centro, o desvio é feito pela avenida avenida Vilarinho, de onde deve-se pegar a avenida Dr. Álvaro Camargos e depois a rua São Pedro do Avaí e na sequência retomar a avenida Pedro 1º.

A avenida Pedro 1º é a via mais fácil de acesso para quem chega no aeroporto de Confins e vai direto para o Mineirão. Outra possibilidade, mais longa, mas com menos desvios por corredores estreitos, é seguir da linha verde para a avenida Cristiano Machado e, na sequência, pegar a avenida Bernardo Vasconcelos com sentido à avenida Antonio Carlos, que desembocará na Pampulha, onde fica localizado o estádio.

Para os moradores e para turistas que chegarem com antecedência à cidade, o caminho é feito pela avenida Antonio Carlos ou pela avenida Catalão, ambas não afetadas pelo desabamento do viaduto da Pedro 1º.

OUTRO PROTESTO

À tarde, um grupo de pelo menos 40 pessoas se reuniu em frente à sede da Cowan, construtora responsável pela obra.

Com faixas e gritos de protesto, os manifestantes criticavam a conduta do prefeito Marcio Lacerda (PSB), que na quinta-feira chegou a declarar que "acidentes como esse, infelizmente, acontecem".

"Isso não foi acidente. Acidente é outra coisa. O nome para isso é negligência", diz o estudante Gilberto Soares. O ato contava com integrantes dos grupos Marreta, Liga Revolucionária e Movimento Estudantil Popular Revolucionário.

Editoria de Arte/Folhapress

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