Folha de S. Paulo


DEM confirma apoio à candidatura de Aécio Neves

Aliado histórico do PSDB, o DEM formalizou por aclamação nesta segunda-feira (30) o apoio à candidatura do senador Aécio Neves (PSDB) à Presidência da República. O anúncio foi feito durante a convenção nacional do partido realizada em um hotel de Brasília. A reunião foi marcada por ataque às alianças feitas pela presidente Dilma Rousseff nos últimos dias.

"O anúncio dessa chapa é resultado de uma fraterna convivência, respeitosa e altiva entre os dois partidos que vêm de longe. Que lutam fazendo oposição a governo que na nossa opinião tem muitos reparos a serem feitos, os quais Aécio e Aloysio [Nunes Ferreira, o vice na chapa] se propõem a fazer", afirmou o senador Agripino Maia (RN), presidente do DEM ao iniciar a convenção.

Durante a convenção, Aécio Neves agradeceu o apoio e garantiu que não haverá diferenças de tratamento entre os partidos. "Não fosse o DEM ao meu lado, através de seus principais líderes, talvez não tivéssemos chegado até aqui. [...] Uma construção política que deixa de ser nesse instante do PSDB. PSDB e Democratas passam a ser uma coisa só. Nós vamos construir uma bela travessia, feita de forma fraterna entre nós, mas com enorme coragem para entregarmos àqueles que acreditam em nossa ação um Brasil diferente deste que está aí. Não há nem haverá da minha parte qualquer diferença de tratamento em relação aos nossos partidos, ao contrário", afirmou.

Agripino assumirá a coordenação da campanha presidencial com a missão de fortalecer a candidatura tucana no Nordeste. Depois de optar por um tucano de São Paulo para vice em sua chapa, Aécio disse que vai priorizar o Nordeste se for eleito porque o país precisa "tratar de forma desigual regiões desiguais".

O senador chegou a ser cotado para vice na chapa de Aécio, mas o PSDB escolheu o tucano Aloysio Nunes Ferreira (SP) para o cargo –com o objetivo de engajar a ala do ex-governador José Serra (SP) em sua campanha presidencial. Apesar de dar o apoio nacional e não ter a contrapartida em todos os estados onde têm candidatos, Agripino afirmou não ver problemas na chapa "puro-sangue".

"Acho que Aécio tem que ter a liberdade de escolher o seu companheiro de chapa em função da perspectiva da vitória. Acho que a montagem da chapa é produto de qualidade e produto de necessidade de ganhar. O discurso do candidato e a credibilidade do candidato é que vai ganhar eleição", afirmou.

Em 2010, o partido exigiu a vice-presidência na chapa tucana em troca do apoio eleitoral. Com a pressão, o candidato na época, José Serra, foi obrigado a trocar o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) pelo então deputado Índio da Costa (DEM-RJ), que não havia sido cogitado para o cargo e era desconhecido nacionalmente.

Minimizando as divergências do passado, o prefeito de Salvador (BA), ACM Neto, afirmou que o DEM agora está unido em torno da candidatura de Aécio. "Hoje nos sentimos muito bem representados na figura de Agripino como coordenador-geral de sua campanha. Esse gesto compromete ainda mais o DEM, que vai dar tudo de si para sua eleição. [...] O partido hoje está muito mais forte, mais unido, para dar sua contribuição na eleição nacional do que há quatro anos atrás", disse.

ATAQUES

Afirmando não fazer "alianças de ocasião", PSDB e DEM aproveitaram o encontro para atacar a concessão feita pela presidente Dilma Rousseff ao PR para garantir apoio à sua coligação. Na semana passada, ela trocou César Borges por Paulo Sérgio Passos no Ministério dos Transportes após pedido da cúpula do PR. Com o gesto, o partido confirmou seu apoio hoje.

"Não teremos o tempo de TV do governo conquistado sabemos como, com um custo alto à sociedade e desqualificação dos agentes públicos. Mas teremos algo difícil de se encontrar hoje: confiança, amizade, solidariedade e, sobretudo, crença de que é possível sim construir algo novo. Se os nossos adversários escolheram o discurso do medo, do ódio, da divisão perversa desse país, nós vamos escolher outro", afirmou o senador Aécio Neves.

"No mundo em que o PT governa se chegou ao limite de se pedir e se entregar cabeça de ministro para garantir apoio presidencial", afirmou o líder do partido na Câmara, Mendonça Filho (PE).


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